"Nobre Zé Ramalho, figura polida em ouro com requintes de brilhante, palavras de brisa e ás vezes cortantes, somado a imagem de luz e raios radiantes, que se faz presente em várias cores e tons flamejantes! Pessoa de
fina sintonia com as verdades da vida! Este é Zé Ramalho de alma imensa, sensível e libertária!!!"
Gilberto Avelar
[ Fonte (frase): www.zeramalho.com.br ]
Nome completo: José Ramalho Neto
Nome artístico: Zé Ramalho
Data de nascimento: 03/10/1949
Local: Brejo do Cruz/PB
Gêneros: MPB, Forró, Folk e Blues
LETRAS COMENTADAS
"Terceira Lâmina" ( Letra e música: Zé Ramalho )
Por Luiz Gambim
É aquela que fere / que virá mais tranquila
Com a fome do povo / Com pedaços da vida.
Com a dura semente / Que se prende no fogo
De toda a multidão.
Acho bem mais do que pedras na mão
Dos que vivem calados / Pendurados no tempo
Esquecendo os momentos / Na fundura do poço
Na voz de um cantador.
E virá como guerra / A terceira mensagem
Na cabeça do homem / Da aflição e coragem
Afastado da terra / Ele pensa na fera
Que o começa a devorar.
Acho que os anos irão se passar
Com aquela certeza / Que temos no olho
Novamente a ideia / De sairmos do poço
Da garganta do fosso
Na voz de um sonhador.
Letra comentada:
Dificilmente as músicas de Zé Ramalho escapam de um longo sucesso. Compondo
e cantando de maneira um tanto enigmático, suas músicas mantêm-se
constantemente nas paradas de sucesso. Seus discos atingem vendagens
invejáveis em todo o pais.
Terceira Lâmina, seu mais recente suceso não é exceção. Há meses mantêm-se
entre os mais solicitados e ouvidos no Brasil. Parece ser uma música realista,
embora contenha, em sua mensagem, um prenúncio catástrofico do mundo: a
"Terceira lâmina" que pode ser interpretada como sendo a terceira guerra
mundial.
Infelizmente, a música contêm esta mensagem persimista mas não irreal, pois
situada na dura realidade do mundo moderno: na "Fome do povo", nos
"Pedaços de vida... de toda multidão".
Aproximadamente a metade da população mundial passa fome. Só no Brasil,
quase a cada minuto morre uma pessoa. E na relação das causas, direta ou
indiretamente, está a fome, que nada mais é do que o produto de um sistema
injusto e anticristão.
Dizer que a fome existe por predestinação, ou porque assim deve ser, ou
porque o povo é vadio, ignorante, porque não sabe trabalhar, nada mais é do
que conduzir ideoligicamente a justificação da situação que vivemos é
legitimar a injustiça. Na verdade, a fome existe porque alguém quer que ela
exista. Porque uns poucos que têm demais, tem também os mecanismos que a
produzem. Porque ao invés de se produzir pão se produz o canhão. São gastos
por ano, mais de 300 bilhões de dólares em armamentos. Isso não é pra
revoltar qualquer estômago vazio?
Interessante como todo o mundo teme a guerra, o conflito armado, mais
interessante e difícil é entender como se gasta tanto justamente naquilo que só
serve para matar.
Não há dúvida que a guerra é cruel, mas não menos cruel e menos triste é o
lento assassinato, da morte á míngua, da morte pela fome. Hoje a fome é a
maior causa de morte do mundo. E dizer que a fome existe por falta de
dinheiro ou por falta de recursos materiais para produção de alimentos, é, no
mínimo, uma bela piada ideológica.
Se o clamor do povo, da maioria esmagada pela opressão dos gananciosos não é
suficiente para a conversão, para a reintregação do homen e de todos os
homens, para atender o homem em suas necessidades primeiras e básicas,
então, a "Terceira lâmina", "Aquela que fere" e "Que virá mais tranquila"
parece decorrência lógica.
E não é essa a nossa realidade? A distância entre os gananciosos e a mutidão
empobrecida e faminta não é tão inadmissível como a "Terceira lâmina"?
Ambas as realidades são condenáveis por reduzirem o homem a mero
instrumento no jogo de interesses. O homem não foi criado nem para a guerra,
nem para a fome. O homem foi criado para a vida, para viver de maneira
humana e integral: para viver na fraternidade e no amor. E criar as condições
para que isso aconteça é a grande missão histórica do homem.
[ Fonte: Revista "Mundo Jovem", Junho de 1981 ]
"Admirável Gado Novo"( 291 - 18/10/2010 )
A ideia de controle social atravessada pelo conceito de "rebanho" é antiga: aparece, por exemplo, em Platão e vai se "sofisticando" até nossos dias. Do rebanho à sociedade, atravancados e ancorados na complexa relação Deus e Estado, os exercícios de poder se multiplicam.
O livro Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, de 1932, percorre a questão do controle apontando o (pré)condicionamento, biológico e psicológico, dos indivíduos que se perdem na massa, a fim de sustentarem uma sociedade forjadamente organizada: povo marcado, povo feliz.
Importa lembrar que este livro de Huxley deu origem (como matéria) aos 1984, de George Orwell, Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, e Laranja mecânica, de Anthony Burgess. Entre tantos outros.
Esse projeto de futuro social (sem dúvidas e sem dor) é mote para a canção-toada "Admirável gado novo", de Zé Ramalho (Zé Ramalho 2, 1980). A voz épica, naturalmente trágica de Zé, empresta o drama necessário que a canção exige: o lamento - êôô - ao mesmo tempo reclama e guia, sem perspectiva de mudança.
A canção fala do enfraquecimento da vontade; da administração das forças, por um agente externo ao indivíduo; enquanto sopra o desejo de adestrar para produzir homens livres, distantes da domesticação que impõe servilismo.
A questão é que dor e prazer são forças reativas (nosso corpo orgânico é predominantemente reativo, adaptativo) mas, como, apesar de viver tão perto dela, o povo foge da ignorância (sente a ferrugem da engrenagem), há um devir criativo no corpo, urge encontrar mecanismos da vontade de poder, para além do bem e do mal: a desubstancialização da noção de poder.
O sujeito da canção, entre Zé do Caixão e uma das messalinas do inferno, tange o gado e canta o destino: eterno retorno do novo e igual modelo de vida. Anos mais tarde, a roqueira Pitty cantou a sintomática "Admirável chip novo", que, com verbos impositivos - "pense, fale, compre, beba, leia, vote, use, seja, ouça, tenha, more, gaste, viva" -, reconstrói e atualiza a imagética de Zé Ramalho do "Não senhor, Sim senhor".
"Admirável gado novo" canta a massa anônima: no campo não há individualidade, há não ser pelo número (povo marcado) que identifica. Por outro lado, quanto mais o poder é invisível, também, mais funciona.
Corpos dóceis, seguimos a canção enquanto a vigilância cuida do normal. O sujeito, cantor e mestre de seu povo, entoa a crueldade dos sistemas que o fazem contemplar a vida numa cela, afinal, como Foucault declarou: "a prisão existe para acreditarmos que estamos livres fora dela".
Admirável Gado Novo
(Zé Ramalho)
Vocês que fazem parte dessa massa / Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar / E dar muito mais do que receber
E ter que demonstrar sua coragem / À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem / Já sente a ferrugem lhe comer
Êh, oô, vida de gado / Povo marcado
Êh, povo feliz.
Lá fora faz um tempo confortável / A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia / Os homens a publicam no jornal
E correm através da madrugada / A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada / E passam a contar o que sobrou!
Êh, oô, vida de gado / Povo marcado
Êh, povo feliz.
O povo foge da ignorância / Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos / Contemplam esta vida numa cela
Esperam nova possibilidade / De verem esse mundo se acabar
A arca de Noé, o dirigível, / Não voam, nem se pode flutuar
Êh, oô, vida de gado / Povo marcado
Êh, povo feliz.
Nota: leiam mais 364 letras comentadas, de diversos compositores brasileiros,
no site 365cancoes.blogspot.com.
[ Fonte: 365cancoes.blogspot.com ]
BIOGRAFIA
José Ramalho Neto, (Brejo do Cruz, Paraíba, 3 de outubro de 1949), mais conhecido como Zé Ramalho, é um cantor e compositor brasileiro.
Suas influências musicais são uma mistura de elementos da cultura nordestina (cantadores, repentistas e rabequeiros), do Jovem Guarda (Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Golden Boys e Renato & Seus Blue Caps), a sonoridade dos Beatles e a rebeldia de The Rolling Stones, Pink Floyd, Raul Seixas e,
principalmente, Bob Dylan. Há elementos da mitologia grega e de (histórias em quadrinhos) em suas músicas.
Tem seis filhos: Christian (1974), Antônio Wilson (1978), João (1979), Maria Maria (1981), José (1992) e Linda (1995); além de cinco netos, Ester (1999) e Miguel (2004), filhos de Maria com Zé Carlos; Ana Lua (2002), filha de João com Mariana; Maria Luísa, (2009) e Felipe (2011), filhos de Christian e Tatiana. É casado com Roberta Ramalho, mãe de José e Linda, há 27 anos.
Infância
Zé Ramalho nasceu em 3 de outubro de 1949 em Brejo do Cruz/PB, filho de Estelita Torres Ramalho, uma professora do ensino fundamental, e Antônio de Pádua Pordeus Ramalho, um seresteiro. Quando tinha dois anos de idade, seu pai se afogou numa represa do sertão, e passou a ser criado por seu avô. A
relação entre os dois seria mais tarde homenageada na canção "Avôhai". Após passar a maior parte da sua infância em Campina Grande, sua família se mudou para João Pessoa. Esperava-se que ele se formasse em Medicina.
Assim que a família se estabeleceu em João Pessoa, ele participou de algumas apresentações de Jovem Guarda, sendo influenciado por Renato Barros, Leno & Lílian, Roberto Carlos & Erasmo Carlos, Golden Boys, The Rolling Stones, Pink Floyd e Bob Dylan.
Em 1974, seu primeiro filho, Christian, nasceu.
Os Primeiros Trabalhos: 1974-1975
Em 1974, ele tocou na trilha sonora do filme Nordeste: Cordel, Repente e Canção, de Tânia Quaresma. Na época, passou a misturar as suas influências: de Rock and roll a forró. Um ano depois, gravou seu primeiro álbum, Paêbirú, com Lula Côrtes na gravadora Rozenblit. Hoje em dia, as cópias desse disco
valem muito por serem raras.
Começo da Carreira: 1975-1984
Em 1977, gravou seu primeiro álbum solo, Zé Ramalho. No próximo ano, seu segundo filho, Antônio Wilson, nasceu.
Em 1979, veio o terceiro filho, João, fruto de sua relação com Amelinha, e também o segundo álbum, A Peleja do Diabo com o Dono do Céu. Mudou-se para Fortaleza em 1980, onde escreveu seu livro Carne de Pescoço. O terceiro álbum A Terceira Lâmina, foi lançado em 1981, ano em que nasceu sua primeira
filha, Maria Maria; logo após, veio o quarto disco, Força Verde, em 1982.
Em 1983, após o lançamento do quinto álbum, "Orquídea Negra", terminou sua relação com Amelinha e se mudou para o Rio de Janeiro. Depois de gravar "Por aquelas que foram bem amadas ou para não dizer que não falei de rock", no início do ano de 1984, passou a viver com Roberta Ramalho, com quem vive até hoje.
Acusação de Plágio
Zé Ramalho foi acusado na edição da revista Veja de 21 de julho de 1982 de plagiar na letra da canção "Força Verde"[1], um texto de William Butler Yeats utilizado como introdução Roy Thomas na revista em quadrinhos do Hulk publicada no Brasil 10 anos antes pela GEA.
Após esse fato outras acusações de plágio vieram a tona, uma delas foi referente a uma música de muito sucesso cantada por Amelinha (Mulher nova, bonita e carinhosa…), porém, todas as acusações se mostraram inidôneas.
De Volta ao Sucesso: 1991-2001
Em 1991, sua única irmã, Goretti, morreu. Ainda assim, gravou seu décimo primeiro álbum, Brasil Nordeste (que continha regravações de músicas típicas nordestinas) e voltou ao seus tempos de sucesso. A canção "Entre a Serpente e a Estrela" foi utilizada na trilha sonora da novela Pedra Sobre Pedra. Em
1992, teve seu quinto filho, José, (o primeiro com Roberta), fato que foi seguido pelo lançamento do álbum Frevoador. Em 1995, nasceu a segunda filha: Linda.
Em 1996, gravou o álbum ao vivo O Grande Encontro com Elba Ramalho e os famosos nomes da MPB Alceu Valença e Geraldo Azevedo. No mesmo ano, lançou o álbum Cidades e Lendas.
O sucesso de O Grande Encontro foi grande o suficiente pra que Zé Ramalho decidisse gravar uma nova versão de estúdio em 1997, desta vez sem Alceu Valença. O álbum vendeu mais de 300.000 cópias, recebendo os certificados ouro e platina.
Para celebrar seus vinte anos de carreira, lançou o CD Antologia Acústica. A gravadora Sony Music também lançou uma box set com três discos: um de raridades, um de duetos e um de sucessos. A escritora brasileira Luciane Alves lançou o livro Zé Ramalho – um Visionário do século XX.
Antes do fim do milênio, um outro sucesso Admirável Gado Novo (primeiramente lançado no álbum A Peleja do Diabo com o Dono do Céu) foi usado como abertura da novela O Rei do Gado. Ele também lançou o álbum Eu Sou Todos Nós, seguido do Nação Nordestina, sendo que nesse último a Música Nordestina foi novamente explorada. O álbum foi indicado para o Latin GRAMMY Award de Melhor Álbum de Música Regional ou de Origem Brasileira.
O Terceiro Miilênio: 2001- Atualmente
O primeiro trabalho do século XXI foi o álbum tributo Zé Ramalho Canta Raul Seixas, com regravações de canções do músico baiano. Dividiu o palco com Elba Ramalho no Rock in Rio III. Em 2002, a Som Livre lança um CD de grandes sucessos chamado Perfil, parte da séria Perfil. Também em 2002, veio
o décimo sétimo álbum, O Gosto da Criação.
Em 2003, Estação Brasil, um álbum com várias regravações de canções brasileiras e uma inédita foi lançado. Fez uma participação especial na faixa "Sinônimos" do álbum Grandes clássicos sertanejos, de Chitãozinho & Xororó.
Em 2005, gravou seu único álbum solo ao vivo, Zé Ramalho ao vivo. Seu mais recente álbum de inéditas Parceria dos Viajantes, foi lançado em 2007 e indicado para o Latin GRAMMY de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira.
Em 2008, um álbum de raridades chamado Zé Ramalho da Paraíba foi lançado pela Discoberta, seguido de um novo álbum de covers Zé Ramalho canta Bob Dylan - Tá tudo mudando, homenageando o músico americano.
Em 2009, um novo álbum de covers Zé Ramalho canta Luiz Gonzaga foi lançado para homenagear o músico pernambucano.
Em 2010, continuou homenageando suas influências com o álbum Zé Ramalhocanta Jackson do Pandeiro.
Seu trabalho mais recente é o álbum Zé Ramalho canta Beatles, lançado em agosto de 2011, com regravações do Fab Four. É o seu quarto álbum de covers em três anos.
Discografia
Anterior a oficial:
Paêbirú (1974) disco gravado juntamente com Lula Côrtes, gravado pela Rozemblit. Um dos primeiros discos não-declarados de psicodelia brasileira (tendo, inclusive, uma canção com nome de cogumelo alucinógeno). Neste disco, compuseram faixas dedicadas aos quatro elementos da natureza (terra, ar,
água e fogo). É hoje considerado uma clássico alternativo, com destaque especial para o seu uso de fuzz guitar.
Álbuns de estúdio:
1978 - Zé Ramalho - (Epic/CBS)
1980 - A Peleja do Diabo com o Dono do Céu - (Epic/CBS)
1981 - A Terceira Lâmina - (Epic/CBS)
1982 - Força Verde - (Epic/CBS)
1983 - Orquídea Negra - (Epic/CBS)
1984 - Por Aquelas Que Foram Bem Amadas ou Pra Não Dizer Que Não Falei de Rock - (Epic/CBS)
1985 - De Gosto de Água e de Amigos - (Epic/CBS)
1986 - Opus Visionário - (Epic/CBS)
1987 - Décimas de Um Cantador - (Epic/CBS)
1992 - Frevoador - (Columbia/Sony Music)
1996 - Cidades e Lendas - (BMG)
1996 - "Antologia Acústica" - (BMG)
1998 - Eu Sou Todos Nós - (BMG)
2000 - "Nação Nordestina" - (BMG)
2001 - "Zé Ramalho Canta Raul Seixas" - (BMG)
2002 - O Gosto da Criação - (BMG)
2003 - Estação Brasil - (BMG)
2005 - "Zé Ramalho ao Vivo" - (Sony/BMG)
2007 - Parceria dos Viajantes - (Sony/BMG)
2008 - Zé Ramalho Canta Bob Dylan - Tá Tudo Mudando - (EMI)
2008 - Zé Ramalho da Paraíba - (Discobertas/Coqueiro Verde)
2009 - "Zé Ramalho Canta Luiz Gonzaga" - (Discobertas/Sony)
2010 - "Zé Ramalho Canta Jackson do Pandeiro" - (Discobertas/Sony)
2010 - "Zé Ramalho - A Caixa de Pandora" - (Discobertas/Sony)
Coletâneas:
2002 - Perfil
2007 - Zé Ramalho em Foco"
Covers:
1991 - Brasil Nordeste - (Columbia/Sony Music)
2000 - Nação Nordestina - (BMG)
2001 - Zé Ramalho Canta Raul Seixas - (BMG)
2008 - Zé Ramalho Canta Bob Dylan - Tá tudo mudando - (EMI)
2009 - Zé Ramalho Canta Luiz Gonzaga - (Discobertas/Sony)
2010 - Zé Ramalho Canta Jackson do Pandeiro - (Discobertas/Sony)
2011 - Zé Ramalho Canta Beatles - (Discobertas/Sony)
Ao vivo:
2005 - Zé Ramalho ao vivo - (Sony/BMG)
Caixas:
1996 - 20 Anos de Carreira (Sony Music)
2009 - Participação de Zé Ramalho no DVD de Capim Cubano Ao Vivo em João
Pessoa - PB:
2010 - Box - A Caixa de Pandora - (Sony Music
Participações:
1996 - O Grande Encontro - com Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo
Azevedo)
1997 - O Grande Encontro 2 - com Elba Ramalho e Geraldo Azevedo)
2000 - O Grande Encontro 3 - com Elba Ramalho e Geraldo Azevedo)
2003 - Lisbela e o Prisioneiro - com Sepultura - Trilha Sonora)
2010 - O Bem Amado (filme) - Trilha Sonora)
DVDs:
2001 - Zé Ramalho Canta Raul Seixas: Ao Vivo
2005 - Zé Ramalho ao Vivo
2007 - Parceria dos Viajantes
2008 - Zé Ramalho Canta Bob Dylan - Tá Tudo Mudando
2009 - Zé Ramalho - O Herdeiro de Avohai - documentário
Curiosidades:
* "Avohai" foi escrito em homenagem a seu avô, que o acolheu quando seu pai morreu afogado num açude.
* A música "Eternas Ondas" foi originalmente composta para ser interpretada por Roberto Carlos, mas acabou sendo sucesso na voz do cearense: Fagner.
* Em seu álbum Antologia Acústica, Zé Ramalho comemora seus vinte anos de carreira com uma releitura de seus maiores sucessos. Destaque para "Admirável Gado Novo", que virou um baião, com a participação de
Dominguinhos. No álbum há ainda uma versão em português de "Knockin' on Heaven's Door", sua homenagem a Bob Dylan.
* Elba Ramalho, sua prima, fez sucesso com a regravação de algumas músicas de Zé Ramalho, entre elas uma versão emocionada de "Chão de Giz", e sua versão de "Avohai" na primeira edição do Rock in Rio.
* Fez parceria com a banda mineira Sepultura, na música "A Dança das Borboletas", para a trilha sonora do filme Lisbela e o Prisioneiro. Garoto de Aluguel, canção do disco A Peleja do Diabo com o Dono do Céu, tem tons autobiográficos, pois faz referência aos primeiros anos do compositor no
Rio de Janeiro.
* Força Verde (faixa-título de seu quarto disco) foi alvo de uma acusação de plágio de uma poesia do poeta irlandês William B. Yeats.
* Em 2001, Zé Ramalho gravou várias canções de Raul Seixas no disco Zé Ramalho Canta Raul Seixas, que deu origem a um DVD, gravado no Canecão, Rio de Janeiro.
[ Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre ]
ÁLBUNS
Álbum: Zé Ramalho - Compositor
As canções apocalipticas e cheias de imagens visionárias de Zé Ramalho, deixaram seu universo particular e ganharam vozes distintas da nossa música, valorizando suas composições, dando o aval para o compositor brilhar através de novas leituras.
01. Ave de Prata (Zé Ramalho) - Elba Ramalho
Umas das mais frequentes cantoras a gravar músicas de Zé Ramalho. Elba batizou seu primeiro disco lançado em 1979, com essa canção inédita, presente do compositor para ela, que havia feito vocais no seu primeiro disco, lançado um ano antes em 1978.
02. Avohai (Zé Ramalho) - Vanusa
Vanusa foi a primeira a gravar Zé Ramalho(a pedido do seu então marido Augusto César Vanucci). A música foi lançada em seu disco "Vanusa 30 Anos", editado em 1977 pela Som Livre.
03. Eternas Ondas (Zé Ramalho) - Fagner
Canção composta para Roberto Carlos, que não gravou e acabou sendo sucesso na voz de Fagner. Foi título do seu disco lançado em 1982, pela CBS.
04. Galope Rasante (Zé Ramalho) - Amelinha
Em seu segundo disco "Frevo Mulher", em 1978, Amelinha (então casada com Zé Ramalho), lançou além do sucesso que batizou o disco, essa mistura de xote e galope. Uma das mais bonitas do seu repertório.
05. Procurando a Estrela (Zé Ramalho/Toti) - Zé Ramalho e Daniela Mercury
Ampliando seu universo musical, Zé Ramalho lançou em 2007, o cd "Parceria dos Viajantes", que além de novos parceiros, trouxe novas vozes para suas canções. Como a de Daniela Mercury, que soa correta ao lado do compositor nesta bela canção, que foi tema de novela da TV Record.
06. A Dança das Borboletas (Zé Ramalho/Alceu Valença) - Alceu Valença
Parceria que revela as loucuras, psicodelias e afinidades dos parceiros Alceu e Zé, nos loucos anos 70. Saiu no disco "Espelho Cristalino", de Alceu, lançado em 1977.
07.Vila do Sossego (Zé Ramalho) - Adriana Maciel
Cantora pouco conhecida do grande público, a brasiliense Adriana Maciel, em seu primeiro cd lançado em 1997, fez uma releitura da já clássica canção de Zé Ramalho, lançada em seu primeiro disco em 1978.
08. Banquete dos Signos (Zé Ramalho) - Elba Ramalho
Com farto material autoral, Zé Ramalho, deu outro presente a Elba, que a lançou em seu disco de 1980, "Capim do Vale", fazendo grande sucesso com a canção.
09. Chão de Giz (Zé Ramalho) - Osvaldo Montenegro
Outro clássico lançado no primeiro disco de Zé Ramalho. "Chão de Giz", ganhou o vozeirão de Osvaldo, numa gravação ao vivo, feita para o projeto "Um Banquinho, Um Violão", em 2001.
10. Desejo de Mouro (Zé Ramalho) - Teca Calazans
Cantora com forte ligação com a cultura nordestina, Teca Calazans, lancou essa canção em seu disco lançado em 1982, um dos melhores de sua carreira, e que permanece inédito ainda em cd.
11. Garoto de Aluguel (Zé Ramalho) - Thais Gulin
Canção autobiográfica lançada por Zé, em seu segundo disco "A Peleja do Diabo com o Dono do Céu", de 1980. Foi regravada pela novata cantora Thais Gulin, em seu primeiro cd, em 2007.
12. Porta Secreta (Zé Ramalho) - Amelinha
Outra inédita, o bolero "Porta Secreta", batizou o terceiro albúm de Amelinha, lançado em 1980.
13. Admirável Gado Novo (Zé Ramlho) - Cássia Eller
A cantora Cássia Eller, com sua voz grave e inconfundivel, deu personalidade própria a um dos maiores sucessos de Zé Ramalho.
14. Cavalos do Cão (Zé Rmalho) - Teca Calazans e Antonio Carlos Nóbrega
Música gravada em seu terceiro disco "A Terceira Lâmina", de 1981, em duo com Elba Ramalho, foi refeita por Teca Calazans e Antonio Carlos Nóbrega para o disco "A Música do Cangaço", lançado pela gravadora Eldorado, em 1984.
15. Pelo Vinho e Pelo Pão (Zé Ramalho) - Fagner
Em 1978, em seu disco "Eu Canto", Fagner lançou essa canção, que só seria gravada por seu autor em 1980, em seu segundo disco.
16. Bomba de Estrelas (Zé Ramalho/Jorge Mautner) - Amelinha e Jorge Mautner
Parceria registrada no disco "Bomba de Estrelas", lançado em 1981, contou com os vocais de Amelinha e que Zé Ramalho só viria a gravar em 1996, no seu cd "Cidades e Lendas".
17. Dominó (Zé Ramalho) - Elba Ramalho
Inédita, foi lançada por Elba, em seu disco "Alegria", de 1982.
18. Mulheres (Zé Ramalho/Jards Macalé) - Zezé Motta, Wanderléa e Zé Ramalho
Do pouco ouvido e incompreendido disco "Por Aquelas Que Foram bem Amadas", de 1984, onde Zé faz uma ode as mulheres e conta com a participação vocal de Zezé Motta e Wanderlea.
19. Mulher Nova, Bonita e Carinhosa (Zé Ramalho/Otacílio Batista) - Rita Ribeiro, Teresa Cristina e Jussara
Música lançada por Amelinha. Batizou seu disco de 1982 e foi tema da minissérie "Lampião e Maria Bonita" e enorme sucesso popular. Integrou o show "Três Meninas do Brasil", sendo lançado em Cd e DVD em 2008.
20. Frevo Mulher (Zé Ramalho) - Edson Cordeiro
Sucesso popular de Amelinha e uma das mais regravadas da obra de Zé Ramalho, o frevo que até hoje agita as festas populares, ganhou uma versão dance feita por Edson Cordeiro, em seu cd "Dê-se Ao Luxo", em 2001.
[ Fonte: minhasraridadesmusicais.blogspot.com ]
Álbum: Zé Ramalho Canta Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro
O cantador Zé Ramalho, vem nos últimos tempos aprimorando sua veia interpretativa. Cantar Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro é um mergulho nas suas raizes, e um passeio prazeroso pelos ritmos nordestinos, sempre presentes na sua música.
01. Lamento Cego (Jackson do Pandeiro/Nivaldo da Silva Lima)
02. Amanhã eu Vou (Luiz Gonzaga/Beduíno)
03. O Canto da Ema (João do Vale/Alventino Cavalcante/Ayres Viana)
04. Assum Preto (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira)
05. Casaca de Couro (Luiz de Morais e Silva)
06. No Meu Pé de Serra (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira)
O Xote das Meninas (Luiz Gonzaga/Zé Dantas)
Qui Nem Jiló (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira)
07. Chiclete com Banana (Gordurinha/Zé Gomes)
08. Pau de Arara (Guio de Morais/Luiz Gonzaga)
09. Forró do Surubim (José Batista/Antonio Barros Silva)
10. Paraíba (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira)
11. Ele Disse (Edgar Ferreira)
12. Baião (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira)
Imbalança (Luiz Gonzaga/Zé Dantas)
Asa Branca (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira)
13. Cabeça Feita (Sebastião Batista da Silva/Jackson do Pandeiro)
14. Nem Vendo Nem Troco (Luiz Gonzaga/Gonzaguinha) *
15. Olha pro Céu (Luiz Gonzaga/José Fernandes)
São João na Roça (Luiz Gonzaga/Zé Dantas)
16. Cantiga de Sapo (Jackson do Pandeiro/Buco do Pandeiro)
17. Forró na Gafieira (Rosil Cavalcanti)
18. ABC do Sertão (Luiz Gonzaga/Zé Dantas) **
19. Quadro Negro (Rosil Cavalcanti/Jackson do Pandeiro)
Participações nas músicas:
* Dominguinhos
** Xuxa
[ Fonte: minhasraridadesmusicais.blogspot.com ]
CORDÉIS
"Peleja de Zé Ramalho com Raul Seixas"
Silas Silva - Campina Grande / PB
direto
Eu dormindo em noite fria / Com sono muito pesado
E num sonho prolongado / Fui pra uma cantoria
Um poeta me pedia / Um mote sem atrapalho
Cantou sem fazer atalho / Conheci nas suas deixas:
Vi que era RAUL SEIXAS / Cantando com ZÉ RAMALHO.
Eu saudei os cantadores / E recomendei no mote
Explicar pra que se note / (Já que são dois pensadores)
O sofrer dos pecadores / Que vivem do indecente.
Deixe tudo consciente / Debaixo do seu chapéu
PRA CHEGAR ATÉ O CÉU / E VIVER ETERNAMENTE.
Já ouvi um comentário / Nos salões celestiais
Que vai sofrer muito mais / Quem controla o salário.
O jogo vira o contrário / E não fica com a gente
Enfrenta o ferro quente / É julgado como um réu
PRA CHEGAR ATÉ O CÉU / E VIVER ETERNAMENTE.
A inveja dos dragões / Jararaca ou sucuri
Quem comanda é nicuri / (Olho grande em ações)
Com as suas pretensões / De nunca se ver contente.
Nem ajuda indigente / Que na rua vive ao léu
PRA CHEGAR ATÉ O CÉU / E VIVER ETERNAMENTE.
RS: Quem venera a traição / Nas normas do caminhar
Terá contas a prestar / Na linha de sedução
Qem ocupa o coração / Tendo mais de um vivente
De modo inconfidente / Corra, lave este véu
PRA CHEGAR ATÉ O CÉU / E VIVER ETERNAMENTE.
ZR: No mundo globalizado, / Onde falha justiça,
Compra quem ela cobiça / Assim sendo potentado
Pra não ser sentenciado / Criminando livremente.
Se quebrar essa corrente / Vai pagar no mausoléu
PRA CHEGAR ATÉ O CÉU / E VIVER ETERNAMENTE.
RS: Pra deixar sua matéria / Sem saber qual o destino
Faça um análise fino: / Se você pintou miséria
Esta coisa é muito séria / Pra sair pela tangente.
Mesmo sendo repelente / Tente ganhar seu troféu
PRA CHEGAR ATÉ O CÉU / E VIVER ETERNAMENTE.
Cada um mostrou ciência / Com vigor e com noção
Transcedendo a emoção / Com bonita transparência
Bem seguros na cadência / O mote foi versejado
Eu lhes dei muito obrigado / E seguiu a cantoria
Com aquela euforia / Num estilo malcriado.
RS: Lhe convido pra cantar / Um repente mais aberto
Veja que eu sou esperto / Cantei, canto e vou cantar
E em fá, tonalizar / Pra deturpar o seu plano
Você sabe sou baiano / Sou a soma desta conta
E não vou temer afronta / De vate paraibano.
ZR: Raul Seixas lhe aviso / Eu vou cantar novamente
Vou mostrar neste repente / Que sou bom no improviso
No Brasil aonde eu piso / Não vejo "dificulidade"
Já estou com essa idade / Cantador nenhum me cala
Você vai perder a fala / Com a minha tonalidade.
RS: Já falei do monstro "Siste," / Também da Filosofia
Corroendo quem confia / E no jogo quem insiste
Cai no ofício que existe / Descartando o que é bom
A trombeta muda o tom / E avisa a chegada
Porque vem antecipada / A batalha "Harmagedom".
ZR: Nesta linha eu compus / A canção do gado novo
Ressaltando nosso povo / Que tanto aqui produz
De modo que o conduz / Sofrer com exploradores
E nas mãos dos Senadores. / Por ser mal gerenciado
No Brasil desempregado / Ficam os trabalhadores.
RS: Eu fui quem incentivei / Padre Cícero na igreja,
Do santo que se corteja / Devoção eu preservei.
Mas depois eu me privei / Me juntei com o Corisco
E pedi correndo risco: / A Juscelino Kubitschek
Eu preciso de um cheque / Pra poder gravar um disco.
ZR: Você tem experiência / Eu também sou viajado
Num martelo agalopado / Mostrei minha competência
Meu verso tem procedência / Da sublime inspiração
Também sou revelação / Nestra linguagem profética
Fiz denúncia mas com ética, / Dentro da minha canção.
RS: Se você fez aventura / Conte-me uma perigosa
Que não seja mentirosa / Mostrando sua bravura
Como fiz na ditadura / E depois fui pelos ares.
A mando dos militares / Fui parar em um exílio
Sem haver um "empecílio" / Pelo ar, terra nem mares.
ZR: Eu voei numa cegonha / Tomei chá de cogumelo
Tinha um dedo amarelo / De tanto fumar maconha
Em Fernando de Noronha / Dei um tempo na viagem.
A viola da bagagem / Tirei porque me destina
Cheirei muita cocaína / E fiz outra decolagem.
RS: Vi gente profetizar / E descrever as visões
Que viu nessas previsões / Todo azul do céu mudar
E se dispigmentar / Ganhar cor de tom incerta,
A luaser encoberta / Não jogar mais seus reflexos
Deixando muitos perplexos / E a terra ficar deserta.
ZR: Eu também fiz previsão / Eu previ que será visto
Com o poder do anticristo / Vir das trevas Lampião
Mostrando em dimensão / Seus feitos paranormais
Com poderes levitais / Produzindo um "best seller"
Que nem mesmo "Uri Geller" / Conseguiu fazer os tais.
RS: A zebra quando pintaram / Fiz presente nesta hora
E lhe digo sem demora / Quanto tempo demoraram
E depois onde guardaram / A sobra daquela tinta.
Não espere que eu minta / Pra de min tirar proveito
O pintor foi um sujeito / Que se foi com mais de trinta.
ZR: Este homem eu conheci / Há muito tempo atrás
Ele em tudo era capaz / Um trabalho dele eu vi
E se não lhe convenci / Saiba que ele envernizou
A barata e guardou / O verniz lhe digo a data
E a química que usou.
RS: Zé Ramalho em tua frase / Não encontro adjetivo
E não sei qual o motivo / Que não usa ele quase
Nem se serve d'uma crase / Virgula, ponto de exclamação
Não vejo interrogação / Então "aspas" pode abrir
Pro seu erro assumir / Dando uma explicação.
ZR: Não respondo em tua ausência / Pra não me sentir covarde
Ou mais cedo, ou mais tarde / Me tratas como excelência
Porque sei cantar Ciência / Sem murrar ponta de faca
Vi tu cozinhar da jaca / Caroços que deu entulho
Pois acaba todo orgulho / Quando a fome lhe ataca.
Pra terminar a porfia / Me pediram outro mote
Disseram se tiver bote / Mais dinheiro na bacia
Eu pensei no dia-a-dia / No crime contra a nação
Pedi uma explicação / Neste mote improvisado
A JUSTIÇA TEM ERRADO / QUANDO APLICA A PUNIÇÃO.
ZR: Você vê nas capitais / Grande caos na Medicina
Morrer gente sem vacina / Nas filas dos hospitais
Vê-se erros tão fatais / Por medico cirurgião
Tendo a jurisdição / E não ser sentenciado
A JUSTIÇA TEM ERRADO / QUANDO APLICA A PUNIÇÃO.
RS: Em plena "Sodomania" / Observo as gerações
Vivendo transformações / Mergulhadas na orgia
Além da pedofilia / Tendo proliferação
Quem recebe acusação / Não está preocupado
A JUSTIÇA TEM ERRADO / QUANDO APLICA A PUNIÇÃO.
ZR: O Brasil vive dilema, / Se vê no maior abismo
Neste clâ de nepotismo. / Dando furo no sistema
Através de forte esquema / Quem ganha na eleição
Vem roubando a nação. / E lhe digo meu prezado:
A JUSTIÇA TEM ERRADO / QUANDO APLICA A PUNIÇÃO.
No final grande emoção / Invadiu meu peito insone
Uma voz no microfone / Fez uma anunciação
E houve transformação / Como um "flash" que produz
Raios, reflexos de luz / Enquanto RAUL partia
Zé Ramalho decidia / Cantar no Brejo do Cruz.
"A Nova Peleja de Zé Ramalho com Zé do Caixão"
Beto Brito - João Pessoa - Paraíba
direto
Esse campo é perigoso / Onde hoje vou bulir
São dois mistérios profundos / Pra entrar sem me ferir
Dois mitos numa peleja / É preciso que se veja
Deus me ajude pra sair.
Falar desses dois sujeitos / Eu tenho que me benzer
Zé do caixão é trevoso / Zé Ramalho, é de doer
Peças de feitiçaria / Magia negra e porfia
O caldeirão vai ferver.
Dizem que um deles dois / Mora numa sepultura
Sem água, fogo e vinho / A palmos de sete fundura
Tipo nenhum de comida / Levou na sua descida
Exceto uma rapadura.
Feita de osso e tutano / Asa e pó de morcego
Pé e ferrão de lacraia / Rabo e tripa de "burrêgo"
Resto de raspa de unha / Lampião foi testemunha
Veja o "tamãe" do carrego.
O outro veio de longe / Da profundeza abissal
"Amuntado" num cavalo / Diferente do normal
No "mei" da testa um chifre / Eu duvido quem decifre
Esse bicho sideral.
"Aprêtiado" sem sombra / Só vindo "doutro" planeta
Tinh´um "ôi" arregalado / O outro cego e zambeta
Um raio laser na "venta" / Corria a mais de noventa
Êita cavalo porreta!
Escondia duas asas / No aperreio voava
Não tinha fome nem sede / Um oceano nadava
De frente, costa, de lado / Bicho sabido, encantado
Só Zé Ramalho montava.
O dia marcado foi treze / Duma sexta-feira fria
Puseram trancas em portas / Nem com machado se abria
O povo "todim" s´escondeu / O sol de medo correu
Nem uma nuvem se via.
Até cachorro tremia / Tudo que é bicho calou-se
Esvaziou a Cidade / Um cururu afogou-se
Trovejou, "relampiou" / Um corisc´o céu riscou
Mas "ligeirim" apagou-se.
Por cada ponta de rua / Chegaram eles de vez
Zé do Caixão de capuz / Feito de couro de rês
Zé Ramalho de veludo / Já chegou quebrando tudo
Na barulheira que fez.
Zé do Caixão parecia / Fogo de larva corrente
Vermelho feito coivara / Na mão direita um tridente
Na outra, chicote em aço / Da ponta saía um pedaço
De trip´arrancada de gente.
Corria sangue nos beiços / No canto dele um riacho
A capa cobria seu rosto / Repare bem o despacho
O sangue na boca coalhava / Um fio grudento ficava
Igual mel de cana no tacho.
Falando em Teologia / Em panteísmo e Pandora
Vem Zé Ramalho à galope / Exatamente na hora
Que a lua no céu s´esconde / Com pinta e jeito de conde
Lendário feito um caipora.
De seu "bisaco" a viola / Ergueu-a feito troféu
Mais reluzente que a luz / De todas estrelas no céu
Fez um primeiro acorde / E com seu jeito de lorde
Curvando tirou o chapéu.
Zé do Caixão preparado / Reverenciou-o também
Daquela hora em diante / Os padres digam amém
Peguem rosários e santos / Escondam-se pelos cantos
Que a briga feia já vem.
Sentaram-se lado a lado / E começou a peleja
Um mote veio das sombras / Outro saiu da igreja
Da Inquisição, de Darc / De lobisomem, das Farc
Decapitação em bandeja.
Escatologias e múmias / Reinados, Páres de França
De Virgulino e Centauro / Dom Orleans de Bragança
De Barrabás a Jesus / De fel, ferida e pus
De Jesse James e Pança.
De lendas, gregos e gringos / Guerrilhas e de samurai
De Conselheiro a Hércules / Da Bíblia e até de haicai
De dentadura postiça / Da traição que atiça
O inocente que cai.
Leandro Gomes, Camilo / Canção de fogo, Panelas
Um outro Zé, do Absurdo / Pornochanchad´e mazelas
De boi-de-reis e ciranda / De aleijado que anda
E muitas outras querelas.
Porém ninguém escutava / O som do trovão eclodia
Relampiava além-mar / Um pe d´água escorria
Por causa de um carcará / Um cisne pois a grasnar
E um gato preto morria.
A tempestade estancou / A lua saiu de aro perto
Vai demorar pra chover / Aquele lugar tão deserto
S´incheu de alma estranha Zumbi com cara de aranha
E um "cocunda" encoberto.
Ninguém precisa pagar / Nessa peleja druída
Porém tem uma cartola / Com penitências de vida
Um mote vem da plateia /Quem bobear na ideia
Deixa pro outro a pedida.
O cantador que perder / Perde também o direito
De pedir um sacrifício / Por isso peça bem feito
O que errar é que paga / Na cartola tem a saga
É quinau de todo jeito.
Um "sujeitim" de coragem / Da Serra do Rudiador
Pediu a Zé do Caixão / Que explicasse o amor
Ele sem nada entender / Começou estremecer
E quase que definhou.
Zé Ramalho da cartola / Tirou a primeira prenda
Pediu pra ele citar / Da Bíblia algo qu´entenda
Nad´ele soube narrar / Uma voz de algum lugar
Disse pra ele –aprenda!
Foi pedido a Zé Ramalho / Que cantasse em falsete
Ele tentou mas num deu / Desceram-lhe o cacete
Zé do Caixão exigiu / E pra ele assim pediu
-Fique sem o seu colete.
Só de calças, sem camisa / Imagine essa visão
Uma magreza medonha / Caíram na gozação
Ô cabra feio da gota / Coragem tem a garota
Que beija esse macarrão.
ZR: Zé do Caixão me responda / Uma pergunta profunda
Como é que o amigo faz / Quando vai limpar a bunda
Me diga qual é a mão / Que você coça o "cunhão"
Me fale, não me confunda.
ZC: Meu amigo Zé Ramalho / Ouça o que vou lhe dizer:
De mão esquerda eu limpo / A bunda sem me mexer
Mas pra coçar o cunhão / Não uso nenhuma mão
Porque eu chamo você.
ZR: Nasci num buraco negro / Cresci no Brejo do Cruz
No meu quintal as estrelas / Chapéu de couro´o capuz
A minha força é por dentro / Mais forte que um epicentro
Se alimentando de luz.
ZC: A minha força é tamanha / Que nem diamante finda
Engole buraco negro / Se duvidar mais ainda
Carrego a lua nas costas / Preparem suas apostas
Minha vitória se brinda.
ZR: Essa fama de almanaque / É só pra fazer enredo
Disseram-me outro dia / E vou contar o segredo
No meio da escuridão / Tu s´encontrou com o cão
Quase se caga de medo.
Foi um medinho à toa / Inda dói na consciência
Esse fato é verdadeiro / Mas sou pastor da ciência
Conheço teologia / Mais que José e Maria
E não faço penitência.
ZR: Tu só conhece as trevas / O pútreo filosofal
Eu decifrei os enigmas / Fiz o primeiro jornal
Dei melodia às estrofes / Botei pra fora os bofes
Com teu bafo matinal.
ZC: Sendo pra fazer "arenga" / Eu vou botar pra feder
Pensei que nossa peleja / Não fosse nos ofender
Segure a sua bitola / Você comigo se atola
Quando bato é pra doer.
ZR: O seu tridente é muleta / E sua capa é de frio
Eu sou treloso, invocado / Rebento barreira de rio
Nunca perdi um toré / Vou lhe dizer como é
Que se ganh´um desafio.
ZC: Minha viola tem cordas / D´uma teia de aranha
Esse martelo qu´eu faço / Nem Ivanildo arranha
E como sou invejado / Pode botar mal olhado
Que desse Zé tu num ganha.
ZR: A minha voz é dilúvio / Que tira mágoas doídas
Sou mito e glorificado / Sete gatos, sete vidas
O meu avô é Raimundo / E nada tem neste mundo
Pior que dores fingidas.
ZC: O meu olhar é graúdo / As unhas crivam no quengo
Do verme destrambelhado / Que apodrece molengo
Inerte feito lajedo / Nascido morto de medo
Com pés e mãos de capengo.
ZR: O espaço e o oceano / São duas belas mulheres
Guardan´eternos segredos / Em forma de caracteres
Seus olhos coordenados / Profundamente domados
Conquista tu se puderes.
ZC: O tálamo da verruga / Se tira com aveloz
A baraúna é buchuda / E a vida muito veloz
A terra foi o meu bucho / Nasci dum puxo-repuxo
Da sombra sou porta-voz.
ZR: Eu aprendi dialetos / Fiz origames de seda
Disvirginei a Medusa / Já engoli labareda
Dum grão eu fiz um tijolo / Não esmoreço c´um tolo
Que faz despacho em vereda.
ZC: Guia já fui de cigarro / Enganei até João Grilo
Ensinei a Jânio Quadros / Dizer "fi-lo porque qui-lo"
Malabares pra macaco / Ensinei juntando os caco
Dos dentes dum crocodilo.
ZR: Minha matéria é do gelo / Caudaloso dos planetas
A minha seiva conserva / Por milênios meus gametas
Sou neto d´um jatobá / Bisneto d´um baôbá
Descendente dos cometas.
ZC: Tu sois mais um nordestino / Crescestes chupando cana
Pedindo esmola nas feiras / Dormindo nas retiranas
Comendo frango caipira / Calçando chinelo d´imbira
Sonhando com o nirvana.
ZR: Não nego meus ancestrais / Eu é que sou o Nordeste
Nas escrituras rupestres / No caudaloso celeste
Na voz de lua Gonzaga / O por do sol que afaga
A cordilheira do Agreste.
ZC: A réstia entra na telha / A afla engloba o sujeito
Orgulho da criação / Parida, potra sem peito
Zé Ramalho eu assumo / Se tu me der desse fumo
Eu também canto direito.
ZR: Minha fumaça é a cinza / Queimada de sabedoria
Do tipo de Malazarte / Quaderna e João Valentia
Euclides e Orlando Tejo / Nem Allan Poe eu invejo
Nem saberes d´Alquimia.
ZC: Da terra serei porta-voz / Quando fizerem contato
Me dou bem com marcianos / Sendo valentes eu mato
Meu idioma é galático / O meu sorriso simpático
Fama de mal é boato.
ZR: È perigoso amiúde / Deixar você tomar parte
Num episódio do tipo / Que seja vindo de marte
Os Ets podem lhe ver / "Tudim" com medo correr
Pro delegado dar parte.
ZC: Meu amigo Zé Ramalho / Vou lhe falar de magia
Um fato que lhe assombra / Sou pai da Filosofia
De Hamurabi pra cá / Banguelo eu vou lhe deixar
No final da cantoria.
ZR: Vamos falar de quimeras / De sonhos adormecidos
Duende, anão e pantera / De nordestinos sabidos
De reis, rainhas e fadas / História de almas penadas
Velhos e bons tempos idos.
ZC: Me criei na funerária / A minha história é de choro
Mas eu também sou da paz / Vou esquecer o agouro
Pensando na mocidade / Eu sinto muita saudade
Do meu primeiro namoro.
ZR: Tô escutando direito / Ou é um delírio tremem?
Suando pelas orelhas / Só falta dizer um amém
Procure o meu Padim Ciço / Que ele tira o feitiço
E você vira do bem.
ZC: Obrigado amigo Zé / Eu namorei com a terra
M´enterrei vivo com ela / Repare naquela serra
Daqui se vê um dragão / Por baixo dele um vulcão
É lá que o diabo me ferra.
ZR: Então sigamos o rumo / Que indicar nossa venta
Misteriosa é a noite / Inteligente a tormenta
Chega lambend´o lagedo / Enfrenta ele sem medo
Juntando força arrebenta.
ZC: Será que ainda dá tempo / De outra dose de sangue
Antes do fim da contenda? / Eu lhe peço não se zangue
Meu tira-gosto é plasma / Pra melhorar minha asma
E ai de quem disso mangue.
ZR: Tome um banho de cuia / Na beirada dum açude
Limpa dos pés à cabeça / Tudo que é tipo de grude
Uma cana de primeira / À sombra duma mangueira
Talvez depois você mude.
ZC: A luz do dia está vindo / Na outra sexta, apareça
Quero fazer uma aposta / Aconteça o que aconteça
No seu cavalo do cão / Eu vou montar sem perdão
Até que ele esmoreça.
ZR: É prego de ponta virada / Na sexta venho "amuntado"
No meu cavalo sem sombra / Se ele deixar ser domado
É seu, com sela e tudo / Se não, te dou um cascudo
De ver seu quengo rachado.
A testemunha que tinha / Era um vigia da praça
Os dois sumiram depressa / Quebrou-se uma vidraça
Esperem outro Cordel / Num assombroso vergel
De sangue, suor e trapaça.
[ Fonte: www.zeramalho.com.br ]
[ Editado por Pedro Jorge ]
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