domingo, 24 de julho de 2011

CORDEL DO GONZAGÃO



TRIBUTO / Luiz Gonzaga, O “Rei do Baião”

Os administradores dos Blogs Arapiraca Legal e Cantotres do Nordeste, Gilvan Juvino e Pedro Jorge e a Revista “Visão – Alagoas” prestam um tributo a Luiz Gonzaga, o eterno “Rei do Baião”, no ano de seu centenário de nascimento.

CORDEL DO “GONZAGÃO”

Entre muitos nordestinos / De fama e tradição
Pernambuco deu ao povo / O nosso “Rei do Baião”
O grande Luiz Gonzaga / Que animou o Sertão.

Na Cidade de Exu / No Sertão pernambucano
Na serra do Araripe / Ele foi se destacando
Ali nasceu o menino / Que no mundo saiu cantando.

Em mil novecentos e doze / Dia treze de dezembro
Luiz Gonzaga nasceu / Luz para o mundo trazendo
Com música ele animou / Seu caminho perfazendo.

Seu mãe Dona Santana / Muito contente ficou
E o pai Seu Januário / Também emocionou
E, em seus ensinamentos / A música destacou.

Foi lá no sopé da serra / Que o menino cresceu
Seu pai vivia na roça / Assim Luiz aprendeu
A trabalhar e tocar / E nunca desmereceu.

De uma grande família / Ele mais oito irmãos
Sempre foi obediente / Respeitando a tradição
Nasceu, viveu e cantou / Para o bem da nação.

Ainda adolescente / Passou a se apresentar
Em feiras, forró e bailes / Acordeon a tocar
Acompanhando seu pai / Que animava o lugar.

Autêntico representante / Da Cultura nordestina
Para o Sudeste partiu / Foi cumprir a sua sina
Mas se manteve fiel / Á terra de Araripina.

No Brasil foi consagrado / Como o “Rei do Baião”
Pelo gênero musical / Que trouxe em sua canção
Com a música Asa Branca / Ele animou o Sertão.

Antes dos dezoito anos / Teve a primeira paixão
Seu nome era Nazarena / Uma moça da região
Mas o pai dela não quis / Aprovar a união.

Ameaçado de morte / Pelo pai de sua amada
O Coronel Deolindo / apontava a espingarda
Os dois se amavam escondido / Uma vida amargurada.

Só que os pais de Luiz / Tristes com a situação
Nele deram uma surra / Prá desfazer a união
E, ele fugiu de casa / Abandonou o Sertão.

E na Cidade do Crato / Estado do Ceará
Ele ingressou no Exército / Nove anos ficou lá
Sem dar notícias a família / Pelo Brasil a andar.

No ano de trinta e nove / Do Exército se afastou
Desse dia por diante / A Música se dedicou
E pelo Brasil afora / Ele cantou e encantou.

No início da carreira/ Solava acordeão
Com Choros, Sambas e Xotes / E outros gêneros de canção
Seu repertório crescia / Chegando a televisão.

Foi vestido de vaqueiro / Figurino que o consagrou
Como artista nordestino / Pois o povo aprovou
Assim o pernambuco / As plateias conquistou.

No ano de quarenta e seis / Para Exu regressou
E, com muita emoção / Com seus pais se encontrou
Santana ficou feliz / Januário se alegrou.

De reencontro com os pais / Surgiu mais uma canção
Foi Respeita Januário / Feita com dedicação
Em homemnagem a seu pai / Com amor no coração.

De um caso de amor / Com a cantora Odiléia
Que de outro estava grávida / Mas vivia na plateia
Gonzaga assumiu o filho / E Gonzaguinha estreia.

Com infância conturbada / Mas pelo seu pai amado
Gonzaguinha ficou sem mãe / Pelos padrinhos foi criado
Depois foi prá um internato / Bastante sacrificado.

Com alguns anos depois / A faculdade terminou
Se tornando um grande músico / E, com o pai se aliou
Ficando assim mais unidos / Cada um com seu valor.

No ano de quarenta e oito / Foi que Luiz se casou
Com Helena Cavalcanti / Por quem se apaixonou
E assim juntos viveram / Foi bom enquanto durou.

Só que dessa união / Nenhum filho gerou
Mas adotaram uma menina / Com dedicação e amor
Ela se chamava Rosa / Que o seu lar perfumou.

Assim foi Luiz Gonzaga / A sua vida levando
Com sua esposa Helena / Que foi lhe desencantado
Por ser muito ciumenta / Gonzaga foi se afastando.

Com setenta e cinco anos / Resolveu se separar
Por uma moça mais nova / Achou de se apaixonar
Chamada Edelzuita / Com Gonzaga foi morar.

Foi quando surgiu a música / Que caiu na boca do povo
Diz que prá cavalo velho / O remédio é capim novo
Que só queira comer / A codorna e o ovo.

Luiz Gonzaga mostrou / Da Cidade ao Sertão
O poder que a músicca tem / Para unir a nação
Não é á toa que foi / O grande “Rei do Baião”.

Da serra do Araripe / Onde Luiz foi menino
Traduziu em sua música / A saga do nordestino
Povo que canta Gonzaga / Como se fosse um hino.

Cantou Cigarro de Paia / E ABC do Sertão
A feira de Caruaru / E corrida de Mourão
A Moda de Mula Preta / E o Luar do Sertão.

São João do Carneirinho / E chero de Carolina
Apologia ao Jumento / E o Xote das Meninas
Dezessete e Setecentos / Quero Chá e Cintura Fina.

Ele cantou Asa Branca / Cantou a Triste Partida
A Vida de Viajante / E Amor da Minha Vida
E Vou te Matar de Cheiro / Foi a sua despedida.

Cantou com muitos artistas / Que seu caminho cruzaram
Elba Ramalho entre eles / Muitas músicas cantaram
Com Sanfoninha Choradeira / Muitos aplausos ganharam.

Foram muitos os troféus / Que este artista ganhou
Seu primeiro disco de ouro / Que o povo consagrou
LP Danado de Bom / O seu sucesso aumentou.

Foram tantas as canções /Que a gente perde a conta
Se for contar passo o dia / A noite e o sol aponta
Todas elas muito boas / Que ao mundo inteiro encanta.

Mas como tudo na vida / Se tem o fim com certeza
Que a gente queira ou não queira / É obra da natureza
A morte não faz escolhas / Nem riqueza, nem pobreza.

Com o nosso grande ídolo / Também não foi diferente
Com a idade avançando / Já foi ficando doente
Mas na cadeira de rodas / Ainda cantou contente.

Foi quando a força acabou / Levando-o a se entregar
Dando espaço para a morte / A sua alma levar
O corpo foi no cortejo / Com o povo a cantar.

Nem se Despediu de Mim / Foi a música mais cantada
Enquanto o enterro seguia / Pelas ruas e calçadas
Da Cidade de Recife / Sua última caminhada.

No dia dois de agosto / De oitenta e nove o ano
O “Gonzagão” nos dedixou / Com o triste desengano
Deixa na terra a tristeza / Prá cantar em outro plano.

Sei que no céu ele canta / Xote, Forró e Baião
Ao som de uma orquestra / Que toca com animação
Acompanhado de anjos / Sem nenhuma aflição.

Se hoje estivesse vivo / Cem anos completaria
Fazia nossos festejos / Ter muito mais alegria
Mas vamos nos contentar / A ouvir suas cantorias.

Luiz Gonzaga se foi / Um cabra macho prá danar
Cantou para o nosso povo / Isso ninguém vai negar
Enquanto viveu na terra / Não desistiu de lutar
E agora no céu está.

[ Fonte: Revista "Visão - Alagoas", junho de 2012 ]





O Centenário de "Gonzagão"

Por O Santo Ofício ( 27 de janeiro de 2012 )

Caros amigos,
Nascido em 13 de dezembro de 1912, se vivo estivesse, Luiz Gonzaga estaria completando em 2012 cem anos de vida. Portanto, este ano estaremos comemorando o centenário do “Rei do Baião”.
Visando contribuir com esta data emblemática para toda a região nordestina, entre outras atividades comemorativas que deverão ocorrer em todo o Brasil no transcorrer deste ano, estamos sugerindo a gravação de um CD e DVD marcando esta importante data. Para tanto, sugerimos que esta gravação ocorra durante as festas do São João em Caruaru/PE no mês de junho vindouro, e o seu lançamento aconteça com uma grande festa reunindo todos os cantores participantes, tendo como local o histórico Marco Zero em Recife/PE, no dia 13 de dezembro de 2012.Sob a liderança de Pernambuco, estado natal de Luiz Gonzaga, pretendemos envolver e mobilizar todos os 9 (nove) estados do Nordeste. Para tanto, indicamos cantores de Forró de todos estes estados. Como grande admirador do “Rei do Baião”, tomamos a liberdade de selecionar algumas de suas músicas e distribuí-las entre os intérpretes convidados. Sugerimos também, que ao final das apresentações, com a presença dos cantores no palco, todos os intérpretes cantem em coro a música “Canta Luiz”, composição de Dominguinhos e do Poeta Oliveira.Solicitamos o empenho de todos no sentido de enviar esta ideia para os órgãos de financiamento: prefeituras, governos estaduais, Ministério da Cultura, etc.
Forte abraço,
Mossoró-RN, 27 de janeiro de 2012.
Carlos Alberto Nascimento de Andrade
E-mail: carlos.potiguar@uol.com.br

Participantes:
ALAGOAS
Afrísio Acácio: Seu Januário
Eliezer Setton: Vem Morena
Clemilda: O Xote dos Cabeludos.

BAHIA
Elomar: Boiadeiro
Gilberto Gil: Hora do Adeus
Xangai: Respeita Januário.

CEARÁ
Alcymar Monteiro: Baião
Fágner: São João do Gonzagão
Santana: Estrada de Canindé
Waldonys: A Vida do Viajante.

MARANHÃO
Zeca Baleiro: Súplica Cearense
Rita Ribeiro: Sabiá.

PARAÍBA
Elba Ramalho: O Xote das Meninas
Flávio José: Numa Sala de Reboco
Glorinha Gadelha: Facilita
Zé Ramalho: A Volta da Asa Branca.

PERNAMBUCO
Alceu Valença: Cintura Fina
Dominguinhos: Asa Branca
Geraldo Azevedo: Riacho do Navio
Jorge de Altinho: Oia Eu Aqui de Novo
Petrúcio Amorim: A Feira de Caruaru.

PIAUÍ
Beto Brito: Pau de Arara.

RIO GRANDE DO NORTE
Carlos André: Que Nem Jiló
Dorgival Dantas: Sanfona do Povo
Marina Elali: A Letra I.

SERGIPE
Amorosa: Onde Tu Tá Neném
Casaca de Couro: ABC do Sertão.

Comentário:
Por Pedro Jorge on 3 de fevereiro de 2012 at 17:49.

Olá! Carlos Alberto, parabéns pela excelente ideia: com certeza o nosso eterno Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”, merece este tributo. Fico torcendo que este projeto seja realizado. Muita boa a seleção, elaborada por vc, de todos os artistas, principalmente os nossos representantes alagoanos: Afrísio Acácio, Eliezer Setton e Clemilda, que são verdadeiros defensores e divulgadores da obra do “Rei do Baião”, e do verdadeiro Forró Pé-de-Serra.
Abs, Pedro Jorge – Arapiraca/AL.
Nota: Irei divulgar esta notícia no Blog Arapiraca Legal, na postagem do “Mestre” Afrísio Acácio do Acordeon.

[ Fonte: www.osantooficio.com ]

[ Editado por Pedro Jorge ]

Nenhum comentário:

Postar um comentário