domingo, 24 de julho de 2011

Maciel Melo





"Maciel, você é um dos motivos de nos orgulhamos de sermos nordestinos. certamente nos representa e muito nos alegra com suas poesias maravilhosas e as mesmas  ninam o meu coração. Parabéns pelo novo trabalho!!!
Ivanildo Takayamma Lima
[ Fonte (frase): www.macielmelo.com.br ]



Nome completo: (carece de fonte)
Nome artístico: Maciel Melo
Data de nascimento: (carece de fonte)
Codinome: "O Poeta do Forró"
Local: Iguaraci/PE  
Gênero: Forró e Ritmos  Regionais.


TRAJETÓRIA
Por José Teles (jornalista e escritor)

Na entrada de Iguaraci, cidade do Sertão pernambucano, a 363 km do Recife/PE, uma placa avisa orgulhosamente: Está é a terra de Maciel Melo. Não são necessários adjetivos, nesta justa homenagem que os conterrâneos prestam ao mais completo compositor de Forró em atividade no Nordeste. Maciel Melo não é apenas um cantor e compositor que recriou o Forró nos anos 1990, é hoje uma referência da música nordestina, cuja estrutura revolucionou a partir do xote Caboclo sonhador, popularizado por Flávio José e Fagner, e pelo próprio autor.

O primeiro disco de Maciel Melo, lançado às duras penas em 1989, um bolachão de vinil, chama-se Desafio das Léguas. Já na estréia o artista sabia que a caminhada não seria fácil. Um trabalho ousado para um desconhecido. Desafio das Léguas (que está por merecer um relançamento em CD) tem participações de Vital Farias, Xangai, Dominguinhos, e Décio Marques. Como esses medalhões da música dos sertões foram parar num LP de um novato? Elementar, talento reconhece talento. Eles gostaram, de cara, das canções que Maciel lhes mostrou. 

Assim como Baião foi composta por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira num prédio comercial no Centro do Rio, Caboclo Sonhador foi feita por Maciel Melo no Centro de São Paulo, onde passou algum tempo, tentando domar a megalópole. Num dia em que lhe bateu o banzo, vontade de voltar ao Nordeste, saudades da família, e, sobretudo, a resistência para não se enquadrar num emprego convencional e largar a música, mais que vocação, a energia que o move. A fria e cinzenta São Paulo acabou o presenteando com este clássico, que provavelmente não teria existido da mesma forma se ele não houvesse ido para a maior cidade da América Latina.

Como os melhores poetas do repente, a Maciel Melo basta-lhe um mote para nascer uma música. O Solado da Chinela, por exemplo, que dá nome ao seu nono disco, foi inspirada, acreditem, num par de chinelos velhos, daqueles bem surrados e confortáveis, testemunha de muitas histórias. O segredo do bom criador está na argúcia de vislumbrar o universo nas pequenas coisas desdenhadas pela maioria das pessoas. Basta lembrar o épico que Zé Dantas, nascido em Carnaíba, mesma região em que nasceu Maciel Melo, criou a partir do humilde riacho do Navio. 

Ele foi aperfeiçoando sua arte com o passar dos anos, que o aprimorou não apenas como um melodista engenhoso e letrista preciso, mas também como um grande cantor, e não só de suas próprias composições. Maciel Melo faz releituras de O Menino e os Carneiros, de Geraldinho Azevedo e Carlos Fernando, Fuxico, de Dinho Oliveira, Flor mulher, de Aracílio Araújo e Pinto do Acordeom, e Serrote Agudo, de José Marcolino (interpretada da forma como foi composta originalmente, antes de Luiz Gonzaga grava-la, um aboio, a capella), ou Chororô, de Gilberto Gil. 

O que diferencia Maciel Melo de forrozeiros que se jactam de fazer o "autêntico" forró pé-de-serra, é, primeiro: ele não alarda que faz forró pé-de-serra, porque o faz tão naturalmente que não carece justificar isso. Segundo: porque, sertanejo da gema, aprendeu com o pai, Heleno Louro, ou Mestre Louro, tocador de sanfona de 120 baixos, que o autêntico forró pé-de-serra não se limita à sanfona, zabumba e triângulo (um formato somente definido nos anos 40 por Luiz Gonzaga). Vale-se também de violão com baixaria, sopros, cavaquinho e até banjo. Jackson do Pandeiro também sabia disso, na dúvida, ouçam seus discos dos anos 60. E mesmo tão autenticamente sertanejo Maciel Melo, não dispensa a violão ou guitarra elétrica, nem deixa de reverenciar a música urbana do litoral. Em o Coco da Parafuseta (do CD O solado da Chinela) ele, entre citações a artistas pernambucanos como Naná Vasconcelos, o agitador cultural Rogê, Lula Queiroga, o Véio Mangaba, lembra o alagoano Jacinto Silva (Coco em M), e o paraibano Zé do Norte (Meu Pião).

Mas não é só a instrumentação que marca o trabalho de Maciel Melo. A temática de suas letras é fundamental para a continuidade do forró que teve as bases assentadas por Gonzagão. Em Maciel estão tanto as alegrias e desventuras do amor, o lúdico, a poesia da cantoria de viola, que é o DNA do forró. E por fim, mas não menos importante, o forró de Maciel Melo é feito pra dançar. E por forró entenda-se não um gênero musical, e sim um coletivo que abriga diversos ritmos, do baião ao xenhenhem, xaxado, torrado, arrasta-pé, rojão e por aí vai. Na sua música nada de forró pé-de-serra de ocasião, universitário da moda, moderno produzido em linha de montagem. Este caboclo de Iguaraci faz uma música simplesmente atemporal, como toda grande arte que se preze.


INFLUÊNCIAS
Por Maciel Melo

Influenciado pela poesia dos grandes menestréis repentistas e emboladores, cresci ouvindo os cantadores de folhetos nas feiras de Iguaraci, minha cidade natal, região do vale do rio Pajeú, alto sertão do estado de Pernambuco e seleiro dos grandes vates do repente, como Lourival Batista, João Paraibano, Pinto do Monteiro, Sebastião Dias, Job Patriota, Antônio Marinho, Rogaciano Leite, além dos que vinham de outras regiões para os festivais de cantoria.

Somam-se a esses: Geraldo Amâncio, Ivanildo Vilanova, Lourinaldo, Diniz Vitorino e outros tantos e tão bons quanto os aqui citados. Em minhas canções, sigo à risca a forma estética da poesia popular, sem deixar brecha para o modismo imposto pela indústria fonográfica, aquela que não tem nenhuma preocupação com a identidade do povo e brutalmente nos empurra goela abaixo estilos alheios às culturas de nossa terra. Guardo na memória um baú de lembranças que me dá sustança para compor e alimento minha criatividade nas histórias carregadas de sotaques nordestinos das quais não abre mão de contá-las e recontá-las em prosa e verso, sem medo de ser taxado de regionalista: “Pode me chamar de cafona, eu gosto é de sanfona, de Forró e cantoria.

No final da década de 1960 e começo de 70, ainda moleque, ouvia Os três do nordeste, Trio nordestino, Luiz Gonzaga, Tonico e Tinoco, Milionário e José Rico, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, e Valdick Soriano. Nessa época não tínhamos em casa radiola e o que ouvíamos era uma difusora no Bar de Pio, o único e badalado bar da cidade, que nos dava o privilégio de ouvir alguma música diferente da que se tocava no rádio, se bem que, naquela época, o rádio ainda tocava coisas maravilhosas.

Calça boca de sino, sapato cavalo de aço, Brilhantina glostora, um pente flamengo e já querendo entender o significado da irreverência, virei fã e seguidor da poesia e da música que o Raul Seixas fazia junto com o Paulo Coelho. “Ouro de tolo” foi a primeira canção que ouvi do Raul. Dessa mesma época viriam também Antônio Marcos e, principalmente, Roberto Carlos. 1974, meu pai vai com a família morar na Bahia, em Sobradinho, lá pras bandas de Juazeiro, terra do João Gilberto e, enquanto a juventude curtia as famosas discotecas ao som de hits americanos, eu ouvia “Severina xique-xique”, com Genival Lacerda, Pinduca, Assisão e o maior sanfoneiro do mundo, Dominguinhos, na época fazendo sucessos com (Tenho sede e Xodó).

Chico Buarque de Holanda, Clementina de Jesus, os baianos Caetano e Gilberto Gil passaram pelos meus ouvidos também nessa época. 1977, lá fui eu estudar em Petrolina, terra de Geraldo Azevedo. E aí encontro minha identidade musical com a música de Geraldo Azevedo, que é, sem sombra de dúvidas, minha maior influência, Elba Ramalho, O Pessoal do Ceará, Zé Ramalho, e Raimundo Fagner. Logo em seguida, na década de oitenta mantenho contato com a música de Elomar, Xangai, Vital Farias, Dércio Marques, Cátia de França, Pena Branca e Xavantinho, Renato Teixeira e o grupo Bendegó, formado por Gereba e Capenga. A Diana Pequeno me lembrava muito Joan Baez. Foi nessa turma que encontrei minha verdadeira estrada e nela caminho até hoje sem medo de ser feliz.



MACIEL POR MACIEL / Meninos do Sertão

A música de protesto tem sempre um lugar reservado em minhas composições, sem necessariamente ser panfletária, mesmo porque não vivenciei o auge da ditadura militar. Era muito menino na época. Além disso, lá no sertão de Iguaraci, os meios de comunicação eram precários e, como sempre, domina¬dos pelos manda-chuvas, que nunca choviam nada. Sempre dei minha opinião sobre as questões sociais, levantando a bandeira do povo de minha terra, hasteando sempre a coerência e o direito de cada cidadão, proclamando-os em versos como fiz, por exemplo, em "Meninos do sertão", uma letra minha em parceria com o poeta Petrúcio Amorim. 

Pois é. Em meus versos, declamo, clamo e reclamo se preciso for. Defensor ferrenho dos meus ideais, sempre estive junto aos que lutam pelos seus direitos, e não escondo minha vontade de ver um dia um Brasil de fato e de direito como sempre sonhamos. Estive presente nos movimentos mais importantes de minha época: Movimento pelas diretas, nas campanhas que elevaram a classe trabalhadora, nos movimentos estudantis, já no finalzinho dos anos 1970, enfim... "Continuo acreditando em tudo que apostei, não me arrependo de nada, faria tudo novamente. Sei que ainda existem pessoas sérias e capazes de honrar a crença sem tirar proveito da carência do povo brasileiro".

Meninos do Sertão
(Maciel Melo e Petrúcio Amorim)

Quando me lembro dos meninos do Sertão / Olho pro céu e vejo eu entre os pardais
Catando estrelas, desenhando a solidão / Ouvindo estórias de fuzis e generais
Lembrando rezas que aprendi no juazeiro / Que um violeiro me ensinou numa canção
Bebendo sonhos era assim o meu destino / Mais um menino na poeira do Sertão.

Quando me lembro dos meninos do Sertão / Beijando flores era eu em meu jardim
Qual borboletas bailarinas de quintais / E um arco-íris de esperança só pra mim
E a liberdade feito um pássaro de seda / Voava alto nos planos de menino
Nas travessuras imitava os meus heróis / Luiz Gonzaga, Lampião e Vitalino.

Quando me lembro dos meninos do Sertão / Vejo Hiroshima nos olhares infantis
Vejo a essência da desigualdade humana / Num verdadeiro calabouço dos guris
Meu coração bate calado enquanto choro / A Deus imploro mais carinho e atenção
Tirai a canga do pescoço dessa gente / Que só precisa de amor, trabalho e pão.

Adeus meu carro de boi / Adeus pau de arara
No ano 2000 que mal virá / Cola, Carandirú, Candelária
Quando isso vai parar / Será que será sempre assim
Será que assim sempre será.


NOTÍCIA

Inconfundível Sotaque do "Poeta do Forró" / Do Diário de Pernambuco
Por Michelle de Assumpção ( 17 de junho de 2010 )

Debaixo do chapéu de Maciel Melo cabem batidas e temáticas variadas do forró. Foi por isso que, por pouco, o nome do seu novo disco não virou Mochila de cego (que cabe tudo dentro). Até frevo pensou em gravar. Terminou que a canção Duas caravelas, um xote moderno, primeira parceria com Geraldo Azevedo, conduziu a criação das demais poesias. Maciel juntou todas as inéditas, decidiu lançar o disco que a princípio estava fora de cogitação para este ano e o batizou de Debaixo do meu chapéu. Pois há aí também interpretações variadas, além da literal, pois o objeto é amigo inseparável do cantor e compositor, desde quando era cantador no Sertão de Iguaraci. 

Cantor de sotaque inconfundível e letras preciosas, Maciel é um dos mais festejados compositores de forró da nova geração. Ele não gosta, no entanto, de se dizer do pé-de-serra. "Cante lá que eu canto cá", cita Patativa do Assaré para justificar a preferência pela cobertura da aba do seu próprio chapéu e nãopelo balaio que junta uma determinada turma dentro de um mesmo estilo. Maciel conta que, quando compôs Caboclo sonhador - espécie de ponta-de-lança do forró sertanejo conectado com a cantoria e estruturas mais elaboradas - queria se juntar aos compositores sérios do forró que estavam começando a aparecer, tais como Onildo Almeida, João Silva e Accioly Neto. 

"Eu precisava me juntar a eles para ser útil, para que a gente não perdesse de vez nossa identidade. No meu forró peguei o que eu fazia na cantoria e trouxe. Por isso, as letras elaboradas. Botei sanfona, zabumba, triângulo, uma coisa mais dançante, mas uso guitarra, bateria, baixo, sax e flautas", conta Maciel. "Eu faço como um jazz no forró, não tenho esse folclorismo besta", reafirma.

Repertório - O disco começa com um maxixe, um samba de latada, e segue por ritmos variados do forró, com leituras também igualmente diversificadas. Derretendo a seda, faixa dois, também faz essa mescla de forró com gafieira, com direito a corinho repetindo os versos de Maciel e uma sanfona solando o tema principal. Depois Maciel apresenta o primeiro xote do álbum, Seu brinquedo. Tudo ou nada também é um xote romântico. Na faixa cinco um pour-pourri de arrasta-pé dá o clima junino do CD.

Genival Lacerda participa nessa mescla de Esquenta moreninha (Assisão), Noites brasileiras (Zé Dantas e Luiz Gonzaga) e Aproveita gente (Onildo Almeida). Em Daquele jeito novamente sanfona sola a melodia e zabumba e demais percussões marcam a forma cadenciada do "dois pra lá e dois pra cá" do xote. Maciel regrava Tampa de pedra, uma dos mais bonitos xotes de sua autoria. "Ô de casa, ô de fora, uma esmolinha pra esse pobre bem querer, pode ser um beijo, pode ser aquela rosa, eu quero o cheiro do teu corpo no meu ser#". A participação de Paulinho Leite, na segunda parte, dimensiona a fama e consagração deste bonito xote.

Duas caravelas é a parceria de Maciel com Geraldo Azevedo. Foi daí, conta Maciel, que nasceu o disco. Geraldo mostrou a melodia, ele acrescentou a letra. O violão de nylon de Geraldo alivia a batida mais roots do xote, dando um tom de balada sertaneja à canção. Maciel retoma o clima forrozeiro com Toque mais um sanfoneirin, um arrasta-pé. A ponteira e o pião e Chororô, de Gilberto Gil, retomam a pisada do disco, ao todo, trabalhado nos temas mais românticos e lúdicos. Maciel encerra com uma valsa de sotaque junino, sanfona triste e canto lamentoso. A música era uma valsa instrumental de Luiz Gonzaga, letrada por Maciel para um CD tributo ao rei do baião.

[ Fonte:  http://macielmelo.com.br/  ]





SAIBA MAIS
Site oficial: www.macielmelo.com.br


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Um comentário:

  1. Maciel Melo hoje é uma das grandes referências da Musica Popular Nordestina, da Cultura Musical do Povo Nordestino. Seus textos são belíssimos, com poesia e muito conteúdo e suas melodias são agradáveis de se ouvir, e, além disso, é um grande cantador/declamador! Salve Maciel Melo!
    http://palcomp3.com/chico-de-pombal

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