sábado, 9 de julho de 2011

Luiz Gonzaga





BIOGRAFIA

Luiz Gonzaga do Nascimento (Exu/PE, 13 de dezembro de 1912 — Recife/PE, 2 de agosto de 1989) foi um compositor popular brasileiro, conhecido como o "Rei do Baião".

Foi uma das mais completas e inventivas figuras da MPB. Cantando acompanhado de sua sanfona, zabumba e triângulo, levou a alegria das festas juninas e dos Forrós Pé-de-Serra, bem como a pobreza, as tristezas e as injustiças de sua árida terra, o sertão nordestino, para o resto do país, numa época em que a maioria das pessoas desconhecia o baião, o xote e o xaxado. Admirado por grandes músicos, como Dorival Caymmi, Gilberto Gil e Caetano Veloso, entre outros, o genial instrumentista e sofisticado inventor de melodia e harmonias, ganhou notoriedade com as antológicas canções Baião (1946), Asa Branca (1947), Siridó (1948), Juazeiro (1948), Qui Nem Giló (1949) e Baião de Dois (1950).

Nasceu na fazenda Caiçara, no sopé da Serra de Araripe, na zona rural de Exu, sertão de Pernambuco. O lugar seria revivido anos mais tarde em "Pé de Serra", uma de suas primeiras composições. Seu pai, Januário, trabalhava na roça, num latifúndio, e nas horas vagas tocava acordeão (também consertava o instrumento). Foi com ele que Luiz Gonzaga aprendeu a tocá-lo. Não era nem adolescente ainda, quando passou a se apresentar em bailes, forrós e feiras, de início acompanhando seu pai. Autêntico representante da cultura nordestina, manteve-se fiel às suas origens mesmo seguindo carreira musical no sul do Brasil. O gênero musical que o consagrou foi o baião. A canção emblemática de sua carreira foi Asa Branca, que compôs em 1947, em parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira.

Antes dos dezoito anos, ele se apaixonou por Nazarena, uma moça da região e, repelido pelo pai dela, o coronel Raimundo Deolindo, ameaçou-o de morte. Januário e Santana lhe deram uma surra por isso. Revoltado, Luiz Gonzaga fugiu de casa e ingressou no exército em Crato, Ceará. A partir dali, durante nove anos ele viajou por vários estados brasileiros, como soldado. Em Juiz de Fora-MG, conheceu Domingos Ambrósio, também soldado e conhecido na região pela sua habilidade como acordeonista.

Em 1939, deu baixa do Exército no Rio de Janeiro, decidido a se dedicar à música. Na então capital do Brasil, começou por tocar na zona do meretrício. No início da carreira, apenas solava acordeão (instrumentista), tendo choros, sambas, fox e outros gêneros da época. Seu repertório era composto basicamente de músicas estrangeiras que apresentava, sem sucesso, em programas de calouros. Apresentava-se com o típico figurino do músico profissional: paletó e gravata. Até que, em 1941, no programa de Ary Barroso, ele foi aplaudido executando Vira e Mexe , um tema de sabor regional, de sua autoria. O sucesso lhe valeu um contrato com a gravadora Victor, pela qual lançou mais de 50 músicas instrumentais. Vira e mexe foi a primeira música que gravou em disco.

Veio depois a sua primeira contratação, pela Rádio Nacional. Foi lá que tomou contato com o acordeonista gaúcho Pedro Raimundo, que usava os trajes típicos da sua região. Foi do contato com este artista que surgiu a ideia de Luiz Gonzaga apresentar-se vestido de vaqueiro - figurino que o consagrou como artista.
Em 11 de abril de 1945, Luiz Gonzaga gravou sua primeira música como cantor, no estúdio da RCA Victor: a mazurca Dança Mariquinha em parceria com Saulo Augusto Silveira Oliveira.

Também em 1945, uma cantora de coro chamada Odalisca Guedes deu à luz um menino, no Rio. Luiz Gonzaga tinha um caso com a moça - iniciado provavelmente quando ela já estava grávida - e assumiu a paternidade do rebento, adotando-o e dando-lhe seu nome: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior. Gonzaguinha foi criado pelos seus padrinhos, com a assistência financeira do artista.

Em 1946 voltou pela primeira vez a Exu (Pernambuco), e o reencontro com seu pai é narrado em sua composição Respeita Januário, parceria com Humberto Teixeira.
Em 1948, casou-se com a pernambucana Helena Cavalcanti, professora que tinha se tornado sua secretária particular. O casal viveu junto até perto do fim da vida de "Lua". E com ela teve outro filho que Lua a Chamava de Rosinha.

Gonzaga sofria de osteoporose. Morreu vítima de parada cardiorrespiratória no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana. Seu corpo foi velado em Juazeiro do Norte (a contragosto de Gonzaguinha, que pediu que o corpo fosse levado o mais rápido possível para Exu, irritando várias pessoas que iriam ao velório e tornando Gonzaguinha "persona non grata", em Juazeiro do Norte) e posteriormente sepultado em seu Município natal.


DISCOGRAFIA
1956 - Aboios e Vaquejadas
1957 - O Reino do Baião
1958 - Xamego
1961 - Luiz "LUA" Gonzaga
1962 - Ô Véio Macho
1962 - São João na Roça
1963 - Pisa no Pilão (Festa do Milho)
1964 - A Triste Partida
1964 - Sanfona do Povo
1965 - Quadrilhas e Marchinhas Juninas
1967 - O Sanfoneiro do Povo de Deus
1967 - Óia Eu Aqui de Novo
1968 - Canaã
1968 - São João do Araripe
1970 - Sertão 70
1971 - O Canto Jovem de Luiz Gonzaga
1971 - São João Quente
1972 - Aquilo Bom!
1972 - Volta pra Curtir (Ao Vivo)
1973 - A Nova Jerusalém
1973 - Sangue de Nordestino
1973 - Luiz Gonzaga
1974 - Daquele Jeito...
1974 - O Fole Roncou
1976 - Capim Novo
1977 - Chá Cutuba
1978 - Dengo Maior
1979 - Eu e Meu Pai
1979 - Quadrilhas e Marchinhas Juninas, vol. 2 - Vire Que Tem Forró
1980 - O Homem da Terra
1981 - A Festa
1981 - A Vida do Viajante - Gonzagão e Gonzaguinha
1982 - Eterno Cantador
1983 - 70 Anos de Sanfona e Simpatia
1984 - Danado de Bom
1984 - Luiz Gonzaga & Fagner
1985 - Sanfoneiro Macho
1986 - Forró de Cabo a Rabo
1987 - De Fiá Pavi
1988 - Aí Tem
1988 - Gonzagão & Fagner 2 - ABC do Sertão
1989 - Vou Te Matar de Cheiro
1989 - Aquarela Nordestina
1989 - Forrobodó Cigano
1989 - Luiz Gonzaga e sua Sanfona, vol. 2

Nota: * Segundo a ortografia vigente, o correto seria Luís Gonzaga.


BIBLIOGRAFIA
* Dominique Dreyfus. Vida do Viajante: A saga de Luiz Gonzaga Vozes do Brasil (em português). 2 ed. São Paulo: 34, 1997;
* Assis Ângelo. Eu Vou Contar Pra Vocês (em português). São Paulo: Ícone, 1990 e
* Luiz Gonzaga: Vozes do Brasil (em português). São Paulo: Martin Claret, 1990.

[ Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre ]


__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

COMO NASCE UM MITO
Por Adriana Martins ( Jornal "Diário do Nordeste", s/d )

Em "O rei e o baião", organizado pelo jornalista, artista plástico e compositor Bené Fonteles, a vida e a obra de Luiz Gonzaga são analisadas a partir de várias abordagens. Há ainda centenas de fotografias inéditas e belas xilogravuras.

Vez ou outra, nas artes, na ciência, na política e em campos diversos do saber, tem-se o privilégio de acompanhar o surgimento de um gigante, pessoa cujo trabalho impressiona não apenas pela qualidade, mas pela capacidade de inspirar até o mais cético dos espíritos. Tal acontecimento revela-se ainda mais instigante quando envolve uma personalidade conter- rânea, que represente em sua obra aspectos de uma cultura.
A música brasileira inclui alguns artistas desse naipe. Um deles faria 98 anos no dia 13 de dezembro.

Pernambucano, nascido no pequeno município de Exu, Luiz Gonzaga ultrapassou suas origens nordestinas. Espalhou o sertão pelo Brasil com sua poesia simples e profundamente representativa, com um talento incontestável de arranjador. Sob a combinação inédita de zabumba, triângulo e sanfona, inventou o ritmo para o baião e dele tornou-se rei.

Hoje, mais do que símbolo e ícone (basta lembrar as imagens do cantor de posse da sanfona, com o indefectível chapéu de couro), Luiz Gonzaga constitui patrimônio nacional. É no sentido de divulgar tal herança, de fortalecer a permanência de sua vida e obra, que surge o livro "O rei e o baião", organizado por Bené Fonteles - jornalista, artista plástico, compositor e mais um inspirado pelo trabalho do Mestre Lua. A obra foi lançada apropriadamente no último dia 13, em Recife. Em Brasília, o lançamento aconteceu no dia 17, no auditório do Ministério da Cultura, com a participação do ministro da Cultura, Juca Ferreira.

Editado pela Fundação Athos Bulcão, "O Rei e o Baião" traz ensaios de Antônio Risério, Elba Ramalho, Gilmar de Carvalho, Sulamita Vieira, Hermano Vianna e do próprio Bené Fonteles, que contribui ainda com um depoimento sobre sua relação com a obra de Luiz Gonzaga, além de introdução de Juca Ferreira e apresentação de Gilberto Gil.

XILOGRAVURA
Há ainda belos ensaios de xilogravura de José Lourenço, João Pedro do Juazeiro e Francorli e Carmem, um ensaio fotográfico sobre o universo sertanista, de Gustavo Moura, e várias fotos inéditas do Rei do Baião, oriundas de arquivos do Museu do Gonzagão (Exu-PE); Museu Fonográfico Luiz Gonzaga (Campina Grande-PB); Memorial Luiz Gonzaga (Recife-PE); Museu Cearense da Comunicação de Nirez (Fortaleza-CE); Paulo Vanderley (pesquisador independente e idealizador do website mais completo sobre o artista) e Iolanda Dantas (viúva de Zé Dantas, um dos parceiros musicais de Luiz Gonzaga).

Segundo o organizador Bené Fonteles, faltava no mercado editorial "um livro que reunisse análises profundas sobre a importância cultural de Luiz Gonzaga, uma iconografia completa, rara e inédita, além de resenhas de tudo o que saiu sobre ele, antes e depois de sua morte, e sobre sua presença no imaginário dos artistas nordestinos e sulistas", tendo sido esta sua principal motivação.

O jornalista destaca que, além dos seis anos de pesquisa, apuração e produção, o livro, na verdade, demandou "o tempo de uma vida quase toda para amar Luiz Gonzaga, e fazer uma obra digna da sua dimensão - por ser um dos seis pilares da MPB, junto a Villa-Lobos, Pixinguinha, Noel Rosa, Dorival Caymmi e Tom Jobim".

Graças à diversidade de abordagens nos ensaios de "O rei e o Baião", é possível vislumbrar com clareza esse amplo alcance de Gonzaga na cultura brasileira. Dois aspectos ganham destaque na conquista de tal relevância. O primeiro é o próprio ineditismo do trabalho de Gonzaga. Segundo o antropólogo Antônio Risério, Luiz Gonzaga recria a cultura nordestina sertaneja por meio do baião, e dela torna-se "expressão estética concentrada", ao agregar em suas composições referências tão diversas quanto a seca, o sofrimento e a contrastante alegria do povo nordestino, além de elementos como a natureza exuberante, o erotismo, o cangaço, o couro, o vaqueiro e a migração.

A própria definição de "baião" é afetada pelo trabalho de Gonzaga. Segundo Câmara Cascudo, tratava-se, entre os cantadores sertanejos, de uma "breve introdução instrumental executada antes do ´desafio´ vocal". De acordo com Risério, Gonzaga partiu desse pequeno trecho musical para redesenhar o gênero. Ao substituir o tradicional trio de viola, rabeca e pandeiro pela sanfona, a zabumba e o triângulo, o pernambucano reformula o "baião", conferindo-lhe um ritmo.

"O que Luiz Gonzaga fez foi organizar, na sua sanfona, o que rolava de modo esparso e difuso no mundo sertanejo", resume Risério em seu ensaio. Outro colaborador que destaca o ineditismo do trabalho de Gonzaga é o antropólogo Hermano Vianna, que aponta o artista como inventor da formação instrumental sanfona-zabumba-triângulo.

Além das inovações musicais, Gonzaga acertou em cheio ao adotar a roupa e o chapéu de couro - para o compositor, equivalentes à espora do gaúcho, o chapéu de palha do caipira, a camisa listrada do carioca. A decisão custou-lhe inúmeras críticas, por ser alusiva ao universo do cangaço. Para Fonteles, a persistência de Gonzaga em defesa de sua indumentária fez surgir "o segundo ícone pop da cultura brasileira, depois de Carmem Miranda, ao fundir a roupa de couro do vaqueiro com a roupa lendária do cangaceiro Lampião".

Em sua introdução do livro, o ministro Juca Ferreira ressalta, ainda, o contexto favorável do mercado fonográfico à época, segundo ele, "um momento privilegiado em que a indústria do disco e a rede radiofônica estavam no ponto ideal para receber um talento como o de Luiz Gonzaga". De fato, o mestre soube aproveitar como poucos os novos meios técnicos do setor. E imortalizou-se não apenas nos registros sonoros, mas na gratidão dos inúmeros artistas que com ele aprenderam, a exemplo de Dominguinhos.

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________



O FORRÓ E O PLÁSTICO
Por Onaldo Queiroga  ( João Pessoa/PB )

 Luiz Gonzaga foi o mais significativo divulgador do forró e costumava dizer que o Baião era pai do Xote, do Xaxado e do Forró. Através desses ritmos ele levou ao mundo nossas tradições, mostrando a saga dos retirantes, o vaqueiro, os repentistas, as nossas riquezas, como as feiras, as praias, os nossos pássaros, a vegetação da caatinga, além de cantar com a voz do protesto, denunciando irregularidades e cobrando providências.

O Forró é essência da nossa cultura. Agora, vem um ritmo denominado “plástico” querendo fazer guerra. Primeiro, é preciso dizer que esse “plástico” é tudo, menos forró. Segundo, isso é mais um modismo que como tantos outros passará. Terceiro, é preciso que as autoridades, a exemplo do Ministério Público, investiguem o que há por trás desse “plástico”, porque estamos presenciando órgãos públicos despejarem rios de dinheiro da rubrica cultura para financiar esse lixo, a tocar em praça pública, levando à nossa juventude apenas e simplesmente o fomento à prostituição, à bebedeira, e, finalmente, à degradação e desmoralização da mulher e da família.

No palco, bailarinas seminuas a dançar, como diz Pinto do Acordeon, sob o tom da bateria que toca: “pra escapar, pra escapar, pra escapar”. O repertório é único, todas as bandas tocam as mesmas músicas, o que implica dizer que é preciso sempre o vocalista anunciar o nome daquela que está no palco. As letras? Sem comentários.

Indago: Isso é cultura? Devemos continuar aceitando que o dinheiro público seja destinado a financiar esse tipo de mensagem? Temos certeza de que não. A praça é do povo e, estranhamente, estão negando-lhe a cultura. Esse plástico domina a programação da mídia, cujas rádios e canais televisivos são concessões públicas, mas, ao invés da divulgação da verdadeira cultura, estão, sim, espalhando lixo sonoro. Estão eles a serviço de alguém? O que há por trás de tudo isso? Só sei que gastam-se cem mil reais com a banda “x”, mais setenta mil reais para a banda “y”, e a praça fica repleta de jovens ingerindo cachaça, consumindo drogas, meninas e meninos desmaiando e por aí vai.

É preciso dar um basta nisso. Falácia dizer que o povo não gosta do legítimo Forró. São João é tradição. Nunca ouvi que em Barretos/BA ou mesmo no carnaval de Salvador/BA haja espaço para o Forró. Temos nossos valores que precisam ser reconhecidos.

[ Fonte: Site oficial - www.luizluagonzaga.com.br ]

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________


O "Rei do Baião" em Traipu
Por Ciro Machado

"Minha vida é andar por esse País,pra ver se um dia descanso feliz..." Luiz Gonzaga nas suas andanças não poderia descansar sem ter passado em Traipu/AL. Quando "Seu Luiz" puxou sua sanfona, na porta do hotel de Dona Lurdes de Zé Gundim, o povo traipuense vibrava de alegria e uns empurravam os outros, derrubando o murinho do hotel, que separava o cantor do público. Queriam ficar mais perto do sanfoneiro pernambucano que já cantava Saudades de Maceió, como os fãs agem quando querem autógrafo, (naquele meio de espectadores poucos sabiam ler, nem tinham noção do valor não sabiam nem o que era um autografo), não existia esse costume, mas queriam estar pertinho, escutar de perto.

O evento não contou com aparelhos de som, nem a luz do de motor acendeu, o som vivia com defeito, por isso cantou a luz da lua, mesmo assim,um fez sucesso. Era um jeito, para aprender as músicas que no rádio já começava tocar. Muita emoção. No meio e no Final do show, havia a arrecadação de fundos para o artista continuar a caminhada. Ficou na história de Traipu, e olhe bem o "Seu Luiz", filho de Januário, não era tão famoso, suas músicas estavam sendo divulgado assim, Cidade a Cidade. Essa passagem por Traipu foi o maior presente da época pra os nossos conterrâneos. Luiz Gonzaga cantou para os pobres, para os ricos, e todos que não podiam pagar seu show. A excursão seguia para Sergipe e daí pra frente.

D. Pedro II também passou por Traipu, mas ao contrário, deixou fundos e ajudou na reconstrução da igreja de N. S. do Ó, que so´tinha uma torre, por ocasião da ida a Paulo Afonso/BA, fazendo pernoite no sobrado que hoje é de Berilo Mota. Dois reis tiveram em nossa terra. Esperamos que um dia ainda venha os dois reis vivos, consagrados pelo público, Roberto Carlos e Pelé. Mas o maior agradecimento é saber que do céu, um "Rei" maior está olhando por nós, traipuenses...

[ Fonte: Página do facebook de Ciro Machado, 27 de maio de 2012 ]

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

MEMÓRIA / Discoteca Gonzagão / Artista cuja obra permeia o imaginário brasileiro, Luiz Gonzaga foi o astro pop de seu tempo
Por Carla Castellotti (Repórter)

Luiz Gonzaga deu uma gargalhada quando soube que os Beatles iam gravar Asa Branca. O ano era 1968, e este era o enunciado de uma reportagem da revista Veja – que voltava a lançar luz sobre o Rei do Baião, à época um tanto sumido das manchetes. A ‘notícia’, porém, não passava de um boato criado pelo ator e produtor capixaba Carlos Imperial. Como se saberia depois, o hino resultante da parceria entre o Mestre Lua e Humberto Teixeira jamais chegaria a ser gravado pelo quarteto de Liverpool. Após quatro décadas, o que nem o polêmico ex-jurado do Cassino do Chacrinha poderia prever é que Paul McCartney, com a bandeira de Pernambuco em punho, se sairia com um “Salve a terra de Luiz Gonzaga!” no show que 
fez no Estádio do Arruda, no Recife, em abril último.

Bem bolada, a jogada de marketing que levou o ex-beatle a reverenciar o Rei do Baião já foi devidamente incorporada ao calendário de comemorações do centenário de nascimento de Gonzagão. Instituído pelo governo de Pernambuco como Ano Cultural Luiz Gonzaga, 2012 conta com um sem número de homenagens ao sanfoneiro mais famoso do país. No carnaval recifense, por exemplo, o Galo da Madrugada desfilou em ritmo de baião; no ciclo junino, como não poderia deixar de ser, a programação, aberta no início da semana no bairro do Recife Antigo, acontece no compasso dos clássicos ‘gonzaguianos’.

DAS ORIGENS DE GONZAGÃO
Luiz Gonzaga Nascimento veio ao mundo em 13 de dezembro de 1912, no vilarejo de Exu, sertão de Pernambuco. Segundo dos nove filhos do sanfoneiro Januário José dos Santos e da cabocla Ana Batista de Jesus, o pequeno Luiz Gonzaga não demorou a tirar os primeiros acordes do instrumento de uso paterno. Tanto que, aos oito anos, ganhava seu primeiro cachê ao tocar sanfona numa festa de casamento do povoado. Pouco tempo depois, fingiria ter mais idade para conseguir se alistar no exército e correr o País em missões durante a Revolução de 1930. Abandonaria as tropas em 1939, numa parada no Rio de Janeiro/RJ. Com passagem comprada para voltar para Exu, encarou uma repentina mudança de planos: depois de visitar o bairro boêmio do Mangue, no qual fez sucesso tocando valsas, tangos, choros e foxtrotes, resolve permanecer na Cidade Maravilhosa. Foi lá que, um ano depois, participou do programa de rádio de Ary Barroso, Calouros em Desfile, e ao tocar Vira e Mexe obteve nota máxima.

Mas as homenagens, claro, não se restringem à terra natal do forrozeiro. Em janeiro, nomes de destaque do atual cenário da música brasileira, como Nina Becker e Romulo Fróes, apresentaram releituras de canções de Luiz Gonzaga num show-tributo realizado no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Já em fevereiro foi a vez do carnaval carioca tomar parte no roteiro de celebrações em torno do autor de temas como Forró no Escuro e Gibão de Couro: a história do Mestre Lua e seu impacto na cultura nordestina serviram de mote para o samba-enredo da Unidos da Tijuca, grande campeã do Grupo Especial das Escolas de Samba do Rio de Janeiro.

Para além da Sapucaí, a trajetória do sanfoneiro nascido no sertão do Pajeú também foi assimilada pelo cinema: na cinebiografia Gonzaga – De Pai para Filho, o diretor Breno Silveira, de 2 Filhos de Francisco, se propõe a contar quem foi Luiz Gonzaga por meio da visão de seu filho, Gonzaguinha. O longa-metragem deve chegar às salas brasileiras no dia 25 de outubro, sem nenhum nome estrelado no papel – selecionado entre cinco mil candidatos, Chambinho do Acordeon, nome artístico do músico Nivaldo Expedido, interpretará Luiz Gonzaga dos 30 aos 50 anos.

POP STAR
Mais do que fazer jus à obra de Luiz Gonzaga, todos os eventos relacionados à efeméride de seu centenário de nascimento resgatam um pedaço da história de um dos primeiros fenômenos populares de que a música brasileira teve notícia. Nas décadas de 1940 e 50, período no qual sua produção alcançou maior evidência, o sucesso conquistado por "Gonzagão" só era comparado ao do samba carioca da chamada Época de Ouro – movimento musical dos anos 1930 cujos principais expoentes eram Noel Rosa, Ary Barroso e Cartola.

Filho de sanfoneiro, Luiz Gonzaga Nascimento nasceu no povoado de Exu, já na divisa com o Ceará. Ao longo da carreira, gravou mais de duas mil músicas, teve composições regravadas no Japão e somente com Asa Branca vendeu mais de dois milhões de discos. Para se ter uma ideia de sua importância para o mercado fonográfico da época, basta dizer que em 1945 as prensas da RCA Victor, gravadora que lançaria a maior parte de seus registros, funcionaram somente para ele.

Natural, portanto, que sua música influenciasse não apenas uma, mas várias gerações. No exílio em Londres, em 1971 Caetano Veloso gravou Asa Branca. Outro expoente do tropicalismo, Gilberto Gil já declarou que ouvir os sucessos de "Gonzagão" no rádio, ainda na infância, no interior da Bahia, determinaria toda a sua formação musical. Posteriormente, compositores como Geraldo Vandré e até mesmo o roqueiro Raul Seixas foram igualmente impactados pela obra do forrozeiro-mor.

LINHA DO TEMPO
1920. Ganha o primeiro cachê – 20 mil réis – ao substituir um sanfoneiro num típico casamento matuto; aos oito anos, canta e toca a noite inteira;
1941. O sucesso já havia chegado para Luiz Gonzaga, que passou a ser reconhecido como o principal sanfoneiro do Nordeste;
1943. Depois de ver um músico gaúcho se apresentar vestido com roupas típicas, Gonzagão adere às vestes típicas nordestinas;
1947. Ano em que Asa Branca é composta, em parceria com Humberto Teixeira, o Doutor do Baião
1951. Mestre Lua é considerado o "Rei do Baião";
1965. Geraldo Vandré grava Asa Branca, o que motiva Gonzagão a também gravar canções do compositor paraibano;
1968. Com Gonzagão longe da mídia, surge um boato de que os Beatles iriam gravar Asa Branca
1971. Caetano grava Asa Branca em Londres;
1983. Gonzagão lança 70 Anos de Sanfona e Simpatia e
1989. Sofrendo com os efeitos da osteoporose e de um câncer de próstata, Mestre Lua morre em 02 de agosto, deixando um legado de imensurável valor para as futuras gerações.

TOP 10
Iniciando a série de quatro edições especiais dedicadas a Luiz Gonzaga e à tradição das festas juninas, neste domingo o Gazeta traz uma espécie de Top 10 com as canções escolhidas por dez nomes da nossa música como suas favoritas em meio ao vasto repertório do "Mestre Lua". Variados, os depoimentos fazem referência às mais distintas fases do artista que levou o Nordeste brasileiro para todo o mundo. De sua ‘porção’ festiva e dançante à toada melancólica, tem de tudo na discoteca do Gonzagão. A seguir, confira as escolhas de Hermeto Pascoal, Maestro Spok, Mariana Aydar, Romulo Fróes, Marcelo Marques, Yamandu Costa, Felix Baigon, Lirinha, Chico César e Fernando Melo. Numa palavra, imperdível. 

MINHA MÚSICA PREFERIDA DO GONZAGÃO É... / O Gazeta lançou o desafio – e eles toparam a parada / Em meio à vastidão da obra de Luiz Gonzaga, dez nomes do nosso cenário musical apontaram sua música preferida no repertório do "Mestre Lua"

ASA BRANCA (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) / Hermeto Pascoal (multi-instrumentista)
“Então, como você sabe, eu sou aí de pertinho, de Lagoa da Canoa/AL, e na época que eu tinha oito ou nove anos lá não tinha luz, não tinha nada... Eu já contei muito essa história: eu vivia tocando no mato, mas tinha a feira de Lagoa da Canoa e a de Arapiraca/AL, e por sorte minha a feira era na frente da minha casa. Naquele tempo, existiam aqueles aparelhos, os gramofones, e os caras compravam os discos do Luiz Gonzaga e colocavam na feira – mas custava um cruzeiro para escutar. E, pôxa vida, com o ouvido bom que eu tinha, eu esperava os outros escutarem e escutava também. Dizer a que é melhor é difícil, porque todas são muito boas. Mas a que sempre toco nos shows, toco na flauta, faço com a voz junto – eu estava tocando em Nova York, num ‘teatrão’ lá, é assim [assovia a melodia]... Você já sabe, né? Asa Branca parecia o hino nacional do Brasil, e eu tocava e o público aplaudiu de pé em Nova York. Agora, uma música mais elaboradinha, é Qui nem Jiló. Eu gosto muito das harmonias modernas e lá vem o Luiz Gonzaga... Asa Branca não sai da mente. A minha mãe mesmo cantava muito Boiadeiro na cozinha. É uma coisa linda a gente lembrar de tudo isso. A surpresa, difícil de acreditar, é que eu nunca peguei na mão do Luiz Gonzaga. Eu estava gravando em São Paulo/SP e ele disse: ‘Como a gente não se encontra mesmo, deixa meu chapéu praquele maluco do Hermeto’. Foi assim que ele me mandou um chapéu dele. Eu conversava com o Gonzaguinha, dizia a ele: ‘Pô, cara, você vai ver os meus shows, eu sei que o Luiz Gonzaga não sai, mas me diz onde ele está, que eu vou lá’. E não é que ninguém quis [se encontrar]? É uma coisa da lembrança, que não vem para não ser. É uma coisa muito espiritual: eu fã dele desde menino, e ele meu admirador por tocar o forró moderno, mas sem perder a essência do Forró.”

PAU DE ARARA (Luiz Gonzaga e Guio Moraes) / Yamandu Costa (violonista)
“Pau de Arara, porque é uma música que narra o que aconteceu no Brasil nos últimos 40 anos: a debandada do caboclo para a Cidade. A busca pelo progresso, o que na verdade inflou cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. Era o sonho do caboclo que saía do interior, arrumar a vida ao chegar na capital. Aí ele chegou e se deparou com uma realidade que não imaginava. Isso é uma realidade da minha família também. Em 1984, eu tinha quatro anos e minha família saiu de Passo Fundo para Porto Alegre/RS. Minha família conheceu Luiz Gonzaga, meu pai era amigo dele. Minha família foi para o Recife tocar no Laçador, e meu pai era um dos fundadores da churrascaria. Então o Luiz Gonzaga, quando chegava de viagem, ia ao Laçador e tinha um carinho grande pela família. Era algo próximo mesmo.”

A VOLTA DA ASA BRANCA (Luiz Gonzaga e Zé Dantas) / Marcelo Marques (compositor)
“A música que me toca muito até hoje é A Volta da Asa Branca. Eu sempre fiquei muito encantado com o primeiro verso, no qual ele fala: ‘Já faz três meses que pro norte relampeia/ e a asa branca ouvindo o ronco do trovão...’ E vai seguindo... É uma conexão com a música anterior, que é Asa Branca, e essa imagem, que acho muito bonita, do cara provavelmente distante da terra, mas de alguma forma vendo ao norte os relâmpagos. A imagem da tempestade que o deixa muito alegre, por conta da possibilidade de voltar, da chuva e tal. A música tem toda uma descrição do percurso. E enquanto Asa Branca tem uma coisa mais lamentosa [cantarola], em A Volta da Asa Branca o ritmo é mais frenético, uma alegria que a própria 
música desenha. Para mim é uma música superalegre, é uma música de retorno, de renovação, e em meio a tantas músicas em que Luiz Gonzaga canta a coisa da chuva, da relação do sertanejo com a terra, acho essa uma das mais lindas.”

A TRISTE PARTIDA (Patativa do Assaré) / José Paes de Lira, o "Lirinha" (compositor)
“A Triste Partida. Uma das músicas mais emblemáticas da obra de Luiz Gonzaga, faixa-título de um LP gravado em 1964. A poesia de Patativa do Assaré tem 152 versos e a música tem nove minutos. Corajosa, diferente e estranha para os padrões comerciais, a música evidencia a liberdade estética desenvolvida por Luiz Gonzaga na sua trajetória artística. Vi em algumas entrevistas que era a música preferida dele e talvez a única cuja autoria, de Patativa do Assaré, era creditada nos shows. Foi gravada como um mantra. Revivendo as súplicas, litanias e orações que rodearam Luiz na infância e fizeram parte da formatação da sua música. A saga pioneira denuncia e documenta a exploração política da seca nordestina, os subempregos nas periferias das metrópoles, o retiro forçado. Percebo que João de Santo Cristo, personagem central da música Faroeste Caboclo, de Renato Russo, é filho do retirante da Triste Partida.”

PARAÍBA (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) / Chico César (compositor)
“A música de que eu mais gosto de Luiz Gonzaga é Paraíba, parceria deste com Humberto Teixeira. Gravei essa música inclusive já em meu primeiro álbum, Aos Vivos. É a minha preferida, por traduzir em letra e música a força da mulher paraibana e, por via indireta, metafórica e hiperbólica, a capacidade de resistência e resiliência do próprio povo paraibano e nordestino. É uma canção muito afirmativa e bastante atípica que, tendo sido feita como jingle para uma campanha política, terminou por entrar no repertório principal do Rei do Baião. A intuição, a forma mais refinada de inteligência no meu entender, pois bem, a intuição de Gonzagão é tremenda e findou por eternizar algo que era para durar alguns meses do período de uma campanha eleitoral. É incrível que Gonzaga e Humberto Teixeira tenham feito algo assim entre tantos outros 
feitos. Entendo hoje que, se pode, como na canção, a Paraíba ser masculina, viril, solar, o ‘paraíba’ (como é chamado o nordestino no Rio de Janeiro) pode ser feminino, doce, lunar. A própria música já deixa espaço para essa interpretação. É difícil escolher a canção de que eu mais gosto de Luiz Gonzaga, mas fico com Paraíba. Ela diz muito para mim e diz muito do povo que somos.”

A MORTE DO VAQUEIRO (Luiz Gonzaga e Nelson Barbalho) / Mariana Aydar (cantora)
“Gosto muito das músicas mais tristes do Mestre Lua. Uma em especial é A Morte do Vaqueiro, porque vai direto ao meu coração – toda vez eu choro... Tem coisas que não dá muito pra explicar... Mas vou tentar: ela me transporta para aquela história, uma história totalmente diferente do que conheço. Tem uma melodia linda, é mais lenta e o verso no final ‘Tengo lengo tengo’ é arrebatador!”

ÓIA EU AQUI DE NOVO (Antônio Barros) / Fernando Melo (violonista)
“Óia Eu Aqui de Novo. Eu, como nordestino e alagoano, acho que não só eu como todo nordestino tem influência de Luiz Gonzaga. Foi ele quem divulgou a música nordestina. Quando eu fiz o meu CD Forró de Violão, essa música foi importante porque faltava dentro do meu disco o ritmo do Xaxado, então eu compus um Xaxado chamado De Mundaú a Manguaba e foi ‘óia eu aqui de novo, xaxando’ que me influenciou. Na realidade, o Luiz Gonzaga apareceu na minha vida através do meu pai, que cinco horas da manhã já colocava o disco dele para tocar – então não só essa música é importante para mim, mas boa 
parte do repertório dele também é. Eu nasci com essas músicas, elas faziam parte do nosso cotidiano, em Arapiraca.”

A VOLTA DA ASA BRANCA (Luiz Gonzaga e Zé Dantas) / Spok (maestro)
“Para mim, ninguém conta histórias feito Luiz Gonzaga. Se for falar do canto, ninguém canta um conto como ele. Sua voz para mim também é incomparável – não é à toa que ele foi eleito o pernambucano do século. A Volta da Asa Branca me emociona. Adoro essa melodia, a letra e ele cantando. A felicidade que é o inverno chegando. Como ele mesmo diz, chega a seca no Sertão, sertanejo vai embora em busca de trabalho e deixa a família. Ele canta: ‘Cabocla sertaneja não saia no trato, Rosinha está lá me esperando...’ E é verdade: a sertaneja fica esperando o sertanejo ir atrás de trabalho, e quando a chuva vem a asa branca volta, o sertanejo volta, encontra com a família. E eu acho isso muito bonito. O último verso é sensacional: ‘Sentindo a chuva, me arrecordo de Rosinha, a linda flor do meu sertão pernambucano/ e se a safra não atrapaiá meus prano/ o quê que há ô seu vigário, vou casar no fim do ano’. Ou seja, é tudo tão bonito...”

A TRISTE PARTIDA (Patativa do Assaré) / Felix Baigon (instrumentista)
“Eu poderia falar de dez, 20 músicas, mas uma música que marcou muito a minha infância e adolescência foi A Triste Partida, uma canção que retrata a ida de uma família do Nordeste para São Paulo, em um caminhão. É uma música que mexia comigo. Fora isso, há músicas bastante alegres, como Que nem Jiló, que é bem dançante, mas Triste Partida sempre me marcou. Tenho uma lembrança muito viva do Luiz Gonzaga cantando em circo, coisa que não se vê mais. O Luiz Gonzaga tinha uma coisa engraçada: quando terminava de cantar, ia para a casa das pessoas e ficava lá tocando sua sanfona e bebendo.”

QUI NEM GILÓ (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) / Romulo Fróes (cantor)
“É a música que cantamos no especial que rolou no Ibirapuera: Qui nem Jiló. Eu acho que essa música tem uma coisa que só artistas do quilate de Luiz Gonzaga, Tom Jobim, Pixinguinha, Dorival Caymmi conseguem fazer. São caras que são extremamente sofisticados e requintados e musicais, que fazem canções de uma riqueza harmônica e melódica imensa e você, a princípio, não se dá conta disso. A canção, a começar pelo título, é muito simples, é um título muito prosaico e a letra tem esse tom muito simples, você entende tudo o que está sendo dito. Você dança aquilo, sem se dar conta da riqueza... Essa música tem uma das melodias mais bonitas da história da música popular brasileira. A melodia é jobiniana e gonzaguiana ao mesmo tempo. Luiz Gonzaga é um cara que fala ao povo, que canta o que o povo entende, faz o povo dançar, mas ao mesmo tempo não é vulgar. Aquilo tem toda a grandeza da música brasileira. Eu fico muito triste com esse conceito de que música popular é uma música rasa – que música para fazer sucesso precisa ser rasa e burra, coisa que acontece hoje em dia... Acho que o Gonzaga é a melhor arma contra isso.”

[ Fonte: Jornal "Gazeta de Alagoas", 3 de junho de 2012 ]

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________


O Centenário de Gonzagão
Por O Santo Ofício ( 27 de janeiro de 2012 )

Caros amigos,
Nascido em 13 de dezembro de 1912, se vivo estivesse, Luiz Gonzaga estaria completando em 2012 cem anos de vida. Portanto, este ano estaremos comemorando o centenário do “Rei do Baião”.
Visando contribuir com esta data emblemática para toda a região nordestina, entre outras atividades comemorativas que deverão ocorrer em todo o Brasil no transcorrer deste ano, estamos sugerindo a gravação de um CD e DVD marcando esta importante data. Para tanto, sugerimos que esta gravação ocorra durante as festas do São João em Caruaru/PE no mês de junho vindouro, e o seu lançamento aconteça com uma grande festa reunindo todos os cantores participantes, tendo como local o histórico Marco Zero em Recife/PE, no dia 13 de dezembro de 2012.

Sob a liderança de Pernambuco, estado natal de Luiz Gonzaga, pretendemos envolver e mobilizar todos os 9 (nove) estados do Nordeste. Para tanto, indicamos cantores de Forró de todos estes estados. Como grande admirador do “Rei do Baião”, tomamos a liberdade de selecionar algumas de suas músicas e distribuí-las entre os intérpretes convidados. Sugerimos também, que ao final das apresentações, com a presença dos cantores no palco, todos os intérpretes cantem em coro a música “Canta Luiz”, composição de Dominguinhos e do Poeta Oliveira.Solicitamos o empenho de todos no sentido de enviar esta ideia para os órgãos de financiamento: prefeituras, governos estaduais, Ministério da Cultura, etc.
Forte abraço,
Mossoró/RN, 27 de janeiro de 2012.
Carlos Alberto Nascimento de Andrade
E-mail: carlos.potiguar@uol.com.br

Participantes:

ALAGOAS
Afrísio Acácio: Seu Januário
Eliezer Setton: Vem Morena
Clemilda: O Xote dos Cabeludos.

BAHIA
Elomar: Boiadeiro
Gilberto Gil: Hora do Adeus
Xangai: Respeita Januário.

CEARÁ
Alcymar Monteiro: Baião
Fágner: São João do Gonzagão
Santana: Estrada de Canindé
Waldonys: A Vida do Viajante.

MARANHÃO
Zeca Baleiro: Súplica Cearense
Rita Ribeiro: Sabiá.

PARAÍBA
Elba Ramalho: O Xote das Meninas
Flávio José: Numa Sala de Reboco
Glorinha Gadelha: Facilita
Zé Ramalho: A Volta da Asa Branca.

PERNAMBUCO
Alceu Valença: Cintura Fina
Dominguinhos: Asa Branca
Geraldo Azevedo: Riacho do Navio
Jorge de Altinho: Oia Eu Aqui de Novo
Petrúcio Amorim: A Feira de Caruaru.

PIAUÍ
Beto Brito: Pau de Arara.

RIO GRANDE DO NORTE
Carlos André: Que Nem Jiló
Dorgival Dantas: Sanfona do Povo
Marina Elali: A Letra I.

SERGIPE
Amorosa: Onde Tu Tá Neném
Casaca de Couro: ABC do Sertão.

Comentário:
Por Pedro Jorge on 3 de fevereiro de 2012 at 17:49.

Olá! Carlos Alberto, parabéns pela excelente ideia: com certeza o nosso eterno Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”, merece este tributo. Fico torcendo que este projeto seja realizado. Muita boa a seleção, elaborada por vc, de todos os artistas, principalmente os nossos representantes alagoanos: Afrísio Acácio, Eliezer Setton e Clemilda, que são verdadeiros defensores e divulgadores da obra do “Rei do Baião”, e do verdadeiro Forró Pé-de-Serra.
Abs, Pedro Jorge – Arapiraca/AL.
Nota: Irei divulgar esta notícia no Blog Arapiraca Legal, na postagem do “Mestre” Afrísio Acácio do Acordeon.

[ Fonte: http://www.osantooficio.com/2012/01/27/o-centenario-de-gonzagao/ ]

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________



TRIBUTO / Luiz Gonzaga, O “Rei do Baião”

Os administradores dos blogs Arapiraca Legal e Cantores do Nordeste, Gilvan Juvino e Pedro Jorge, e a Revista “Visão – Alagoas” prestam um tributo a Luiz Gonzaga, o eterno “Rei do Baião”, no ano de seu centenário de nascimento.

GONZAGA, DE PRA PRA FILHO -  UMA CINEBIOGRAFIA DE EMOÇÕES*
Por Pedro Jorge* ( Artigo da Semana: De 21 a 27 de outubro de 2012 )

No ano do centenário do “Rei do Baião” Luiz Gonzaga (1912-1989), entre as  milhares de homenagens que estão sendo e serão prestadas por diversos artistas, em programas televisivos, shows, gravações de CDs, exposições, etc, um tributo se destaca: o filme Gonzaga, de Pai Pra Filho, longa-metragem que contou com um orçamento de R$ 12 milhões e tem a direção do carioca Breno Silveira (2 Filhos de Francisco, 2005 e Á Beira do Caminho, 2012). O lançamento nas salas de cinema em circuito nacional será no próximo dia 26 de outubro de 2012.

Tive a oportunidade de assistir ao trailer deste magnífico filme pela internet e fiquei bastante emocionado com as cenas desta produção cinematográfica que retrata a vida de Gonzagão, ao tempo em que enfoca a difícil relação do músico com seu filho Gonzaguinha (1945-1991). Com certeza esta cinebiografia será  um grande sucesso de público e de crítica, pois é uma produção de altíssima qualidade e carregada de muita emoção.

Segundo a matéria assinada por Rodrigo Fonseca, da Agência O Globo, e publicada no jornal Gazeta de Alagoas, edição do dia 29 de setembro de 2012, o roteiro do longa nasceu de uma caixa de fitas cassete em que Gonzaguinha conversa com o pai e do livro Gonzaguinha e Gonzagão – Uma História Brasileira, de Regina Echeverria. Nas gravações das fitas cassete percebe-se o quanto Gonzaguinha, criado no Morro de São Carlos pelos padrinhos Dina e Xavier, desconhecia seu pai, que morreria pouco tempo depois. Mas as falas de Gonzagão mostram o quanto ele admirava Gonzaguinha, de quem acabou se afastando após a morte da mulher, Odaléia.

Os espectadores brasileiros terão a oportunidade de ver e se emocionar com a história de dois ícones da autêntica música brasileira: Luiz Gonzaga e Gonzaguinha. Um filme que retrata fielmente a vida, a morte e o legado artístico do “Rei do Baião” para as próximas gerações. Além é, claro, o amor e as turbulências afetivas de pai (Gonzagão) para com o seu filho (Gonzaguinha). São realmente temas que tocam o coração de todo ser humano. Resumindo é a história de um pai e um filho que foram separados pela vida e unidos pela música.
Ao todo foram mais de 2000 figurantes e 100 atores em papeis de destaque. Gonzaga foi retratado em três épocas: o ator Land  Vieira (dos 17 aos 23 anos de idade), o sanfoneiro Nivaldo Expedito de Carvalho, o “Chambinho do Acordeon” (dos 27 aos 50) e Adélio Lima (aos 70 anos) e Gonzaguinha foi interpretado por Alison Santos (dos 10 aos 12 anos), Giancarlo di Tommaso (dos 17 aos 22) e Júlio Andrade (dos 35 aos 40).

Entre as muitas cenas interessantes  e marcantes do longa-metragem destaco as seguintes: Gonzagão tocando sozinho Assum Preto na cozinha, após ter sofrido um sério acidente automobilístico que prejudicou a sua visão e cegou um de seus olhos e o recrutamento do “Rei do Baião” de um anão e um sapateiro para acompanhá-lo em uma apresentação no interior de Minas Gerais, porque tinha demitido os dois músicos de sua banda, que ficaram embriagados no dia anterior ao show e não conseguiam acordar.

Outro grande tributo a Luiz Gonzaga está sendo prestado pela Rede Globo, através de um quadro do programa Fantástico, que estreou no dia 30 de setembro de 2012, retratando sua vida e sua obra. Diana Dantas, da Folhapress, relata em uma matéria que esta série relembra a infância do artista, nascido em Exu/PE, até o seu coroamento na música brasileira, sendo aclamado como o “Rei do Baião”. Este quadro tem como roteirista e responsável por sua concepção, George Moura e, será dividido em 4 episódios intercalados com trechos do filme de Breno Silveira. Na parte documental há várias entrevistas de pessoas que conheceram Gonzagão de perto e de artistas, como Dominguinhos, Elba Ramalho, Alceu Valença e Gilberto Gil.

Frases:
“Assim como em 2 Filhos de Francisco, essa nova cinebiografia dirigida por Breno Silveira foi pensada para emocionar. Não dá para negar que o tom apelativo pontua várias cenas. Mas, também há muita verdade e momentos que misturam gravações da ficção com fotografias ou imagens reais, dando mais veracidade a atores que realmente se parecem com Luiz Gonzaga”. – Tatiana Meira (Diário de Pernambuco)

“A questão de Gonzaga, de Pai Pra Filho é que ele trata de um homem que uniu o País inteiro com sua música. Rodando o País de ‘cabo a rabo’, sempre havia um lugar tocando Gonzagão. Ele é uma lenda do tamanho do Brasil. A história dele e do filho é muito bonita. Meu compromisso foi tentar reproduzir essa beleza, com carinho”.  – Breno Silveira

* Fontes: Este artigo foi baseado nas seguintes matérias: Uma História Brasileira (Rodrigo Fonseca) e Luiz Gonzaga é Lembrado em Nova Série do Fantástico (Diana Dantas),  ambas publicadas no jornal Gazeta de Alagoas, edição de 29 de setembro de 2012 e Uma Cinebiografia de Emoções (Tatiana Meira), publicada no jornal O Jornal, edição de 12 de outubro de 2012.

_________________________________________________________________________________



CORDEL DO “GONZAGÃO”

Entre muitos nordestinos / De fama e tradição
Pernambuco deu ao povo / O nosso “Rei do Baião”
O grande Luiz Gonzaga / Que animou o Sertão.

Na Cidade de Exu / No Sertão pernambucano
Na serra do Araripe / Ele foi se destacando
Ali nasceu o menino / Que no mundo saiu cantando.

Em mil novecentos e doze / Dia treze de dezembro
Luiz Gonzaga nasceu / Luz para o mundo trazendo
Com música ele animou / Seu caminho perfazendo.

Seu mãe Dona Santana / Muito contente ficou
E o pai Seu Januário / Também emocionou
E, em seus ensinamentos / A música destacou.

Foi lá no sopé da serra / Que o menino cresceu
Seu pai vivia na roça / Assim Luiz aprendeu
A trabalhar e tocar / E nunca desmereceu.

De uma grande família / Ele mais oito irmãos
Sempre foi obediente / Respeitando a tradição
Nasceu, viveu e cantou / Para o bem da nação.

Ainda adolescente / Passou a se apresentar
Em feiras, forró e bailes / Acordeon a tocar
Acompanhando seu pai / Que animava o lugar.

Autêntico representante / Da Cultura nordestina
Para o Sudeste partiu / Foi cumprir a sua sina
Mas se manteve fiel / Á terra de Araripina.

No Brasil foi consagrado / Como o “Rei do Baião”
Pelo gênero musical / Que trouxe em sua canção
Com a música Asa Branca / Ele animou o Sertão.

Antes dos dezoito anos / Teve a primeira paixão
Seu nome era Nazarena / Uma moça da região
Mas o pai dela não quis / Aprovar a união.

Ameaçado de morte / Pelo pai de sua amada
O Coronel Deolindo / apontava a espingarda
Os dois se amavam escondido / Uma vida amargurada.

Só que os pais de Luiz / Tristes com a situação
Nele deram uma surra / Prá desfazer a união
E, ele fugiu de casa / Abandonou o Sertão.

E na Cidade do Crato / Estado do Ceará
Ele ingressou no Exército / Nove anos ficou lá
Sem dar notícias a família / Pelo Brasil a andar.

No ano de trinta e nove / Do Exército se afastou
Desse dia por diante / A Música se dedicou
E pelo Brasil afora / Ele cantou e encantou.

No início da carreira/ Solava acordeão
Com Choros, Sambas e Xotes / E outros gêneros de canção
Seu repertório crescia / Chegando a televisão.

Foi vestido de vaqueiro / Figurino que o consagrou
Como artista nordestino / Pois o povo aprovou
Assim o pernambuco / As plateias conquistou.

No ano de quarenta e seis / Para Exu regressou
E, com muita emoção / Com seus pais se encontrou
Santana ficou feliz / Januário se alegrou.

De reencontro com os pais / Surgiu mais uma canção
Foi Respeita Januário / Feita com dedicação
Em homenagem a seu pai / Com amor no coração.

De um caso de amor / Com a cantora Odiléia
Que de outro estava grávida / Mas vivia na plateia
Gonzaga assumiu o filho / E Gonzaguinha estreia.

Com infância conturbada / Mas pelo seu pai amado
Gonzaguinha ficou sem mãe / Pelos padrinhos foi criado
Depois foi prá um internato / Bastante sacrificado.

Com alguns anos depois / A faculdade terminou
Se tornando um grande músico / E, com o pai se aliou
Ficando assim mais unidos / Cada um com seu valor.

No ano de quarenta e oito / Foi que Luiz se casou
Com Helena Cavalcanti / Por quem se apaixonou
E assim juntos viveram / Foi bom enquanto durou.

Só que dessa união / Nenhum filho gerou
Mas adotaram uma menina / Com dedicação e amor
Ela se chamava Rosa / Que o seu lar perfumou.

Assim foi Luiz Gonzaga / A sua vida levando
Com sua esposa Helena / Que foi lhe desencantado
Por ser muito ciumenta / Gonzaga foi se afastando.

Com setenta e cinco anos / Resolveu se separar
Por uma moça mais nova / Achou de se apaixonar
Chamada Edelzuita / Com Gonzaga foi morar.

Foi quando surgiu a música / Que caiu na boca do povo
Diz que prá cavalo velho / O remédio é capim novo
Que só queira comer / A codorna e o ovo.

Luiz Gonzaga mostrou / Da Cidade ao Sertão
O poder que a músicca tem / Para unir a nação
Não é á toa que foi / O grande “Rei do Baião”.

Da serra do Araripe / Onde Luiz foi menino
Traduziu em sua música / A saga do nordestino
Povo que canta Gonzaga / Como se fosse um hino.

Cantou Cigarro de Paia / E ABC do Sertão
A feira de Caruaru / E corrida de Mourão
A Moda de Mula Preta / E o Luar do Sertão.

São João do Carneirinho / E chero de Carolina
Apologia ao Jumento / E o Xote das Meninas
Dezessete e Setecentos / Quero Chá e Cintura Fina.

Ele cantou Asa Branca / Cantou a Triste Partida
A Vida de Viajante / E Amor da Minha Vida
E Vou te Matar de Cheiro / Foi a sua despedida.

Cantou com muitos artistas / Que seu caminho cruzaram
Elba Ramalho entre eles / Muitas músicas cantaram
Com Sanfoninha Choradeira / Muitos aplausos ganharam.

Foram muitos os troféus / Que este artista ganhou
Seu primeiro disco de ouro / Que o povo consagrou
LP Danado de Bom / O seu sucesso aumentou.

Foram tantas as canções /Que a gente perde a conta
Se for contar passo o dia / A noite e o sol aponta
Todas elas muito boas / Que ao mundo inteiro encanta.

Mas como tudo na vida / Se tem o fim com certeza
Que a gente queira ou não queira / É obra da natureza
A morte não faz escolhas / Nem riqueza, nem pobreza.

Com o nosso grande ídolo / Também não foi diferente
Com a idade avançando / Já foi ficando doente
Mas na cadeira de rodas / Ainda cantou contente.

Foi quando a força acabou / Levando-o a se entregar
Dando espaço para a morte / A sua alma levar
O corpo foi no cortejo / Com o povo a cantar.

Nem se Despediu de Mim / Foi a música mais cantada
Enquanto o enterro seguia / Pelas ruas e calçadas
Da Cidade de Recife / Sua última caminhada.

No dia dois de agosto / De oitenta e nove o ano
O “Gonzagão” nos dedicou / Com o triste desengano
Deixa na terra a tristeza / Prá cantar em outro plano.

Sei que no céu ele canta / Xote, Forró e Baião
Ao som de uma orquestra / Que toca com animação
Acompanhado de anjos / Sem nenhuma aflição.

Se hoje estivesse vivo / Cem anos completaria
Fazia nossos festejos / Ter muito mais alegria
Mas vamos nos contentar / A ouvir suas cantorias.

Luiz Gonzaga se foi / Um cabra macho prá danar
Cantou para o nosso povo / Isso ninguém vai negar
Enquanto viveu na terra / Não desistiu de lutar
E agora no céu está.

[ Fonte: Revista "Visão - Alagoas", junho de 2012 ]
_________________________________________________________________________________


Cultura – Há 23 Anos Partia o “Rei do Baião” / No dia 2 de agosto de 1989 morria Luiz Gonzaga, artista fundamental na construção da identidade nordestina e brasileira.
Da Redação ( 2 de Agosto de 2012 )

Há exatos 23 anos, o Nordeste perdia um dos seus maiores ícones: Luiz Gonzaga do Nascimento. Conhecido pela alcunha de “Rei”, Luiz Gonzaga fez jus à fama ao contribuir decisivamente para a construção da identidade brasileira e inserir o Nordeste no mapa cultural do País.

Gonzagão mudou os rumos da música brasileira ao inventar não só um ritmo, mas toda uma mítica sobre o Nordeste e o nordestino que incluía roupas, expressões típicas e histórias do homem sertanejo. A sensibilidade artística e a capacidade de síntese de uma Cultura fizeram de Luiz “Lua” Gonzaga referência obrigatória para quem pretende conhecer e entender o Brasil.

A obra musical de Luiz Gonzaga reverbera até hoje em inúmeros cantores, compositores e intérpretes, que continuam seu legado se dedicando ao Baião e outras vertentes do Forró. Ele criou o trio típico de Forró, formado por sanfona, triângulo e zabumba, e foi nomeado o “Rei do Baião”. Sua música mais simbólica é Asa Branca, composta em parceria com Humberto Teixeira. Gonzagão foi e continua sendo assunto de teses acadêmicas e sua imagem é onipresente quando o assunto é Nordeste.

O ano de 2012 marca também o centenário de nascimento de Luiz Gonzaga, diversas homenagens já estão acontecendo em todo o País, principalmente na região Nordeste.

2 de agosto de 1989 – Luiz Gonzaga teve uma parada cardiorrespiratória e morreu no Hospital Santa Joana, no Recife/PE. Ele sofria de osteoporose e câncer na próstata. Se estivesse vivo, faria 100 anos em 2012.

Biografia Resumida
Nasceu na fazenda Caiçara, no sopé da Serra de Araripe, na zona rural de Exu, sertão de Pernambuco. O lugar seria revivido anos mais tarde em “Pé de Serra”, uma de suas primeiras composições. Seu pai, Januário, trabalhava na roça, num latifúndio, e nas horas vagas tocava acordeão (também consertava o instrumento).

Foi com ele que Luiz Gonzaga aprendeu a tocá-lo. Não era nem adolescente ainda, quando passou a se apresentar em bailes, forrós e feiras, de início acompanhando seu pai. Autêntico representante da cultura nordestina, manteve-se fiel às suas origens mesmo seguindo carreira musical no Sul do Brasil. O gênero musical que o consagrou foi o Baião. A canção emblemática de sua carreira foi Asa Branca, que compôs em 1947, em parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira.

[ Fonte:  http://www.alagoastempo.com.br/noticia/24230/cultura/2012/08/02/ha-23-anos-partia-o-rei-do-baio.html  ]

_________________________________________________________________________________

LUIZ GONZAGA
Por Manassés Paranhos ( Mestrando em História )

Em 2 de agosto de 1989 desaparecia aquele que foi chamado o “Rei do Baião”. Seu pai, sanfoneiro e consertador de harmônica, ensinou-lhe cedo os primeiros acordes do fole lá em Exu, cidade simples e humilde do interior pernambucano. O rebento foi crescendo naquele clima sertanejo e assimilando os ritos e costumes de um povo alegre e sofrido com as constantes enchentes e secas que sempre caracterizou aquela gente – e outras coisas mais.

“Gonzagão” trazia dentro de si aquilo que falta a muita gente boa: Criatividade. Ele sentia tudo aquilo que via e ouvia dos mais antigos e necessitava tomar forma, mas não era fácil – termo que sempre pronunciava – passar tudo aquilo para o papel, para a melodia, os termos. Surge Miguel Lima, seu primeiro compositor e incentivador, grava Dança Mariquinha, seu êxito em 1945.

Nos pampas, o catarinense Pedro Raimundo fazia sucesso com seu traje espalhafatoso de bombacha e botas alongadas, e “Lua” pensou: “Por que não posso trajar-me de cangaceiro, típico do homem nordestino?” E assim foi seu início auspicioso. No Rio de Janeiro, o sanfoneiro tocava nos cabarés para sobreviver, quando pelo seu reconhecimento – às vezes ignorado por alguns que achavam que seu desempenho estava assustando meio mundo de gente – é convidado para gravar sua primeira música em solo de sanfona, Véspera de São João (1941), na RCA Victor, tida então a melhor do País. Foi um pulo para No Meu Pé de Serra em parceria com Humberto Teixeira, e posteriormente Vem Morena com Zé Dantas.

Seguiu em frente e nos deixou um legado que nunca fugia das origens das raízes nordestinas, ressaltando em dezenas de suas músicas a carência de uma melhor assistência do governo federal, e para tal lutou muito pela redenção de seu querido Nordeste, torrão tão discriminado pelos sulistas (São Paulo já tentou separar–se do Brasil).

Como já dizia o poeta, Luiz Gonzaga não morreu, nem a sanfona dele desapareceu… Não morreu porque sua obra melódica é imortal; o legado que nos deixou foi muito vasto e extenso de grandes proporções mesmo. Aonde quer que estejamos ao ouvirmos o toque de um fole, mesmo que seja de um “pé de bode”, lembra-nos com imensa saudade de sua alegria esfuziante, de seu carisma.

Medito e fico regozijado e envaidecido, é que nos idos de 1981, em entrevista a mim concedida na “Terra de Tobias Barreto”, o senhor me incluiu no rol de seus amigos.

[ Fonte: gazetaweb.globo.com, em 2 de agosto de 2012 ]

_________________________________________________________________________________

Canal Brasil Faz Tributo a Gonzagão

Durante três dias, o Canal Brasil homenageará Luiz Gonzaga (1912-1989), que teria feito cem anos ontem (13). A programação começa hoje, às 20 hs 30 mins, com a exibição, em sequência, de um episódio especial de O Som do Vinil (O Nordeste na Voz de Luiz Gonzaga) e do documentário As Sanfonas do Lua (2002).

No primeiro, o apresentador Charles Gavin revela os bastidores de gravações de álbuns de Gonzagão, conhecido por músicas como Asa Branca e O Xote das Meninas. Já o filme, de Mario Rezende, apresenta a influência do pernambucano na propagação do gênero musical que tocava.

No sábado, às 18 hs, o canal exibe o inédito Forró Eterno – Cem Anos de Luiz Gonzaga. O espetáculo conta com diversos artistas cantando composições do mestre. Para encerrar, no domingo (16), às 18 hs, será apresentado o show Dois Maior de Grande, em que a cantora Clara Becker faz um tributo a Gonzagão e a Gonzaguinha.

[ Fonte: http://gazetaweb.globo.com/gazetadealagoas/noticia.php?c=214365 ]


[ Editado por Pedro Jorge ]

2 comentários:

  1. Na minha opinião Luiz Gonzaga, "O Rei do Baião", foi o artista popular brasileiro mais simples de todos os tempos: ele merece todas as homenagens póstumas que estão sendo feitas a ele, no ano de seu centenário de nascimento... Viva a Música, Viva o eterno "Rei do Baião", "Luiz Gonzaga de Ouro". Pedro Jorge (Blog Arapiraca Legal).

    ResponderExcluir
  2. Pedro Melo,muito obrigado por prestigiar minha historia sobre a passagem do Grande Luiz Gonzaga em Traipu.Amigo fique a vontade quando encontrar algo interessante entre minhas postagens.Seu resgate desses casos ,só enriquece nossos conhecimentos.Deus lhe proteja junto com todas sua família .

    ResponderExcluir